Fonte do Governo brasileiro antecipou à Lusa que, à excepção de dois ou três países (como China e Itália, que virão com vice-ministros), todos os outros deverão estar representados pelos ministros dos Negócios Estrangeiros.
A mesma fonte adiantou que a indicação que o Governo brasileiro tem da parte russa é de que o chefe da diplomacia da Rússia, Sergey Lavrov, marcará presença na quarta-feira e quinta-feira no Rio de Janeiro.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também estarão presentes no evento que conta também com a presença como convidados dos chefes da diplomacia de Portugal e de Angola, João Gomes Cravinho e Téte António, respetivamente, e o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa.
Em comunicado, o Governo brasileiro enfatizou que a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G20 ocorre num "momento de grande instabilidade geopolítica, com crises se desdobrando em diversas regiões do mundo".
"Entre os temas mais urgentes a serem discutidos estão a situação no Médio Oriente e a ofensiva russa na Ucrânia, que continuam a gerar preocupações globais em relação à crise humanitária instalada e aos desdobramentos geopolíticos e económicos dos conflitos", frisou a diplomacia brasileira.
Nos últimos dias, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, provocou um atrito diplomático com Israel ao comparar os ataques à Faixa de Gaza com o Holocausto quando "Hitler resolveu matar os judeus".
Por outro lado, a expectável presença de Lavrov no Rio de Janeiro acontece também depois da morte, na semana passada, do opositor russo Alexei Navalny.
Contrariando os líderes ocidentais que se apressaram a acusar o Kremlin, a diplomacia brasileira não teceu qualquer nota de pesar e, no domingo, em Addis Abeba, Lula da Silva afirmou que "se a morte está sob suspeita, você tem que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu".
Outro dos pontos principais, que tem sido uma das bandeiras do Governo brasileiro e que deverá estar em cima da mesa nas reuniões é a "necessidade de reformas nas instituições de governança global" como nas Nações Unidas, Organização Mundial de Comércio e bancos multilaterais.
As prioridades da presidência brasileira para o seu mandato à frente do G20 são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.
O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de Dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização.
Portugal estará presente, ao longo do mandato do Brasil, em mais de 100 reuniões dos grupos de trabalho, em nível técnico e ministerial, em cinco regiões brasileiras, culminando com a Cimeira de chefes de Estado e de Governo, que será realizada no Rio de Janeiro, em 18 e 19 de Novembro de 2024.
Os membros do G20 são as 19 principais economias do mundo: Estados Unidos da América, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia, mais a União Europeia e a União Africana.
O grupo, criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990, tem como objetivo favorecer a negociação internacional, numa base de diálogo ampliado e tendo em conta o peso económico crescente de alguns países, que, juntos, representam 90% do PIB mundial, 80% do comércio mundial (incluindo o comércio intra-UE) e dois terços da população mundial.
Trata-se de um grupo com significativa influência sobre a gestão do sistema financeiro e na economia global.
O G20 estuda, analisa e promove a discussão entre os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas relacionadas com a promoção da estabilidade financeira internacional, e encaminha as questões que estão além das responsabilidades de uma organização.