As reuniões do G20 que arrancam hoje irão culminar com o pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome na quarta-feira.
O embaixador Maurício Carvalho Lyrio, chefe da equipa negociadora brasileira no G20, escreveu no site oficial do evento que os países do grupo estão a negociar um documento que visa "dar um empurrão na mobilização de recursos e no intercâmbio entre instituições que lidam com ampliação do acesso à água e a rede de saneamento"
Outro dos temas que serão abordados entre hoje e terça-feira é a redução das desigualdades e o acesso a recursos para combater as alterações climáticas, detalhou o embaixador brasileiro.
Documentos sobre estas matérias, e ainda sobre a redução das desigualdades raciais e de género, estão a ser negociados e a presidência brasileira do G20 espera que possam ser aprovados durante a Reunião Ministerial de Desenvolvimento, que contará com a presença da secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos, já que Portugal é um dos países observadores convidados pela presidência brasileira.
Estes primeiros dois dias de reuniões lançarão as bases para, na quarta-feira, com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e de vários ministros internacionais, o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, lançar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
O objectivo passa por formalizar os documentos da iniciativa e, com isso, possibilitar a adesão dos países interessados.
A partir de quarta-feira, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza passará a estar aberta a adesões, com a expectativa de que seja definitivamente lançada em Novembro, durante a Cimeira de Líderes do G20, também no Rio de Janeiro.
Aberta a todos os países, esta iniciativa procura coordenar acções e parcerias técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas nacionais nos países que aderirem à proposta.
Antes do lançamento por parte de Lula da Silva, serão apresentados os novos dados do mapa da fome pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Em conferência de imprensa realizada em Brasília na sexta-feira, Maurício Carvalho Lyrio recordou os "números deprimentes" de 2022, que mostram que cerca de 750 milhões de pessoas no mundo passam fome. "Uma tragédia absoluta", já que "quase 10% da população mundial passa fome no mundo", resumiu, mostrando "esperança que os números tenham reduzido".
As prioridades do Governo brasileiro para esta presidência são o combate à fome, à pobreza e à desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global, nomeadamente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, algo que tem vindo a ser defendido por Lula da Silva desde que tomou posse como Presidente do Brasil, denunciando o défice de representatividade e legitimidade das principais organizações internacionais.
Os membros do G20 são as 19 principais economias do mundo: Estados Unidos da América, China, Alemanha, Rússia, Reino Unido, França, Japão, Itália, índia, Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Indonésia, México, Turquia, mais a União Europeia e a União Africana.
O Brasil, que exerce a presidência do G20 desde o primeiro dia de Dezembro de 2023, convidou Portugal, Angola, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega e Singapura para observadores da organização, assim como a Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).