Relatora da ONU pede à UE para suspender acordo de associação com Israel

PorExpresso das Ilhas, Lusa,10 abr 2024 14:07

A relatora especial da ONU para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, exigiu hoje, no Parlamento Europeu, que a União Europeia (UE) suspenda o acordo de associação com Israel em resposta ao "genocídio" em Gaza.

A exigência foi acompanhada da apresentação de um relatório que, segundo a relatora da ONU, tem provas suficientes de que Israel está a "cometer genocídio" contra a população palestiniana.

Numa conferência de imprensa realizada na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas, juntamente com o presidente da delegação do Parlamento Europeu para as relações com a Palestina, Manu Pineda, Francesca Albanese insistiu que a comunidade internacional tem de impor sanções a Telavive para obrigar Israel ao voltar a cumprir o Direito Internacional.

"É a única coisa que pode garantir segurança e liberdade a todos aqueles que vivem entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo", observou.

Neste sentido, considerou fundamental explorar respostas no âmbito da Carta das Nações Unidas para reagir à ofensiva em Gaza, que provocou mais de 33 mil mortos, a maioria dos quais civis, em meio ano.

Entre as propostas apresentadas por Albanese contam-se a retirada do reconhecimento diplomático, sanções contra altos responsáveis, sanções económicas e suspensão de relações institucionais e do acordo de associação UE-Israel.

Na sua opinião, existem condições para suspender este acordo, que rege as relações entre a UE e Israel, já que, antes dos ataques do Hamas, em 07 de Outubro, Israel já cometia "crimes de guerra" ao criar e manter colonatos ilegais e obrigando à deslocação de palestinianos.

A relatora da ONU alertou que a falta de medidas para impor um cessar-fogo, seguindo a ordem do Tribunal Internacional de Justiça de janeiro passado, "está a corroer" o sistema jurídico internacional, que preservou a paz e a estabilidade no Ocidente desde a II Guerra Mundial.

Albanese salientou ainda que as sociedades europeias têm apelado a uma reação mais forte à guerra na Faixa de Gaza, defendendo que o momento atual é um "ponto de viragem".

"É apenas uma questão de tempo até percebermos que manter as relações habituais com Israel são prejudiciais à democracia e às sociedades palestinianas e israelitas", afirmou

Por sua vez, Pineda criticou a inação do Parlamento Europeu e da própria União Europeia em relação à situação em Gaza, alegando que as duas instituições "não reconhecem aquilo que o mundo inteiro já reconhece".

"É uma vergonha que a UE ainda não tenha apelado a um cessar-fogo incondicional, permanente e imediato", disse.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado por um ataque realizado em outubro do ano passado pelo movimento islamita palestiniano.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria, civis, e sequestradas cerca de 240 pessoas, das quais uma grande parte continua na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, de alimentos, medicamentos e electricidade.

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ONU UE

Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,10 abr 2024 14:07

Editado porSheilla Ribeiro  em  8 mai 2024 23:28

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