O ex-presidente dos EUA Donald Trump foi condenado, esta quinta-feira, no julgamento criminal em que era acusado de ter falsificado documentos para encobrir um escândalo sexual, sendo considerado culpado em todas as 34 acusações.
Em reacção ao veredicto do júri, à saída do tribunal, em Nova Iorque, Trump repetiu as acusações que tem feito contra o juiz e contra o processo, lembrando que o "veredicto real" vai ser dado pelos eleitores nas eleições de Novembro.
Por seu lado, a campanha de Biden reagiu, dizendo que "ninguém está acima da lei".
Já um porta-voz da Casa da Branca sublinhou o respeito pela lei e garantiu que a administração Biden não iria fazer mais nenhum comentário.
O julgamento de Trump durou seis semanas, foi dominado por histórias de sexo, dinheiro e política e o veredicto pode ter consequências desconhecidas para a campanha eleitoral das presidenciais de 05 de Novembro, em que Trump defrontará o democrata e presidente em exercício, Joe Biden.
O Ministério Público de Nova Iorque alegou que o 45.º presidente dos Estados Unidos (2017-2021) era culpado de falsificar os documentos contabilísticos do seu grupo de empresas, a Organização Trump, para ocultar um pagamento à actriz de filmes pornográficos Stormy Daniels para evitar um escândalo sexual, no final da sua campanha presidencial de 2016.
Agora, não caberá aos jurados, mas sim ao juiz, definir a sentença, dentro de algumas semanas.
A prisão é teoricamente possível, sendo a falsificação de documentos contabilísticos punível com pena de até quatro anos de cadeia, no Estado de Nova Iorque.
Contudo, na ausência de antecedentes criminais do arguido de quase 78 anos, o juiz pode aliviar a sentença, com uma pena suspensa com liberdade condicional ou serviço comunitário, bem como uma multa.
Em qualquer caso, Donald Trump anunciou já que vai recorrer, com provável efeito suspensivo da sua pena, nomeadamente em caso de prisão.
"Julgamento fraudulento e vergonhoso"
Após ser condenado por 34 acusações de falsificação de documentos, Trump culpou a administração do actual presidente norte-americano, Joe Biden, e o juiz do tribunal de Manhattan pelo resultado de um julgamento que considerou ser "fraudulento e vergonhoso".
"O verdadeiro veredito será dado a 5 de Novembro, pelo povo", disse Trump aos jornalistas, à saída do tribunal, referindo-se à data das eleições presidenciais norte-americanas, às quais é candidato pelo Partido Republicano. "Eles sabem o que aconteceu aqui. Toda a gente sabe o que aconteceu aqui", atirou.
"Este foi um julgamento fraudulento e vergonhoso. Sou um homem muito inocente", acrescentou.
Trump culpou a administração do actual presidente norte-americano, Joe Biden, e o juiz do tribunal de Manhattan, Juan Merchan, responsável por presidir um julgamento sem precedentes contra um ex-presidente dos Estados Unidos.
"Isto foi feito pela administração Biden para ferir ou magoar um oponente, um oponente político, e acho que é uma vergonha", acrescentou, citado pela NBC News. "E nós vamos continuar a lutar, vamos lutar até ao fim e vamos ganhar".
"Esta foi uma decisão manipulada desde o primeiro dia, com um juiz conflituoso que nunca deveria ter sido autorizado a julgar este caso. Nunca. Nós vamos lutar pela nossa Constituição", assegurou.
Advogado vai recorrer "o mais rápido possível"
"Vamos recorrer o mais rápido possível", disse na quinta-feira à televisão CNN Todd Blanche, o principal advogado do ex-dirigente.
"Em Nova Iorque, o procedimento diz: conhece-se a pena, depois recorremos", referiu.
O juiz decidiu que a leitura da sentença será em 11 de Julho, dias antes de os republicanos escolherem formalmente Donald Trump como candidato presidencial.
Donald Trump, torna-se no primeiro antigo Presidente norte-americano com cadastro, deverá ser o candidato republicano às eleições presidenciais que se realizam no final do ano e que o deverão opor ao actual Presidente Joe Biden. A convenção republicana vai ter lugar entre 15 e 18 de Julho, em Milwaukee.