A reunião, conhecida como "Cobra" devido à sala em que se realizam as reuniões do Conselho de Ministros, segue-se a seis dias de escalada de violência após o esfaqueamento fatal de três raparigas (uma delas portuguesa) em Southport na semana passada.
Estas reuniões reúnem ministros, funcionários públicos, polícias, agentes dos serviços secretos e outros altos funcionários responsáveis por questões que estão a ser investigadas.
A reunião de hoje visa dar ao Governo uma actualização da violência do fim de semana e tentar agilizar a resposta das autoridades para os próximos dias, segundo a estação pública britânica BBC.
No domingo à noite, um hotel conhecido por albergar requerentes a asilo perto de Birmingham, no centro de Inglaterra, foi alvo de violência.
"Um grande grupo de pessoas (...) atirou projécteis, partiu janelas, ateou incêndios e atacou a polícia" num Holiday Inn em Tamworth, informou no domingo a polícia de Stafforshire num comunicado.
O primeiro-ministro britânico, o trabalhista Keir Starmer, condenou o ataque ao hotel, localizado na cidade de Rotherham, e prometeu que os envolvidos terão de suportar "todo o peso da lei".
As forças de segurança tiveram de responder a situações semelhantes em Tamworth, Middlesbrough, Hull e noutras partes do país.
"As pessoas neste país têm o direito de estar seguras e, no entanto, temos visto as comunidades muçulmanas a serem alvo de ataques e ataques a mesquitas", disse o primeiro-ministro britânico, que deplorou a "violência de extrema-direita e gratuita associada a uma retórica racista".
O Ministério do Interior britânico ofereceu às mesquitas uma maior protecção e colocou à disposição a possibilidade de solicitar um destacamento de segurança para permitir o acesso seguro a estes templos o mais rapidamente possível.
Além disso, a ministra do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, afirmou que as prisões do país estão "prontas" para receber a "minoria de criminosos" que provocou motins em todas as ilhas.
"Eles não falam pelas nossas comunidades. Assegurámos mais procuradores, que há prisões, que há lugares nas prisões e que os tribunais estão preparados", afirmou Cooper, que classificou os recentes acontecimentos como uma "desgraça total" e garantiu que os envolvidos "vão pagar o preço" pela desordem.
"Deixámos bem claro à polícia que tem todo o nosso apoio na prossecução de todos os processos e sanções, incluindo penas de prisão graves, vigilância apertada a longo prazo e proibição de viajar", afirmou.
Os distúrbios levaram também vários deputados britânicos de diferentes partidos políticos a pedir hoje ao Governo que convoque o parlamento, actualmente encerrado devido às férias de verão.
A ex-ministra do Interior, a conservadora Priti Patel, as deputadas trabalhistas Diane Abbott e Dawn Butler, e o líder do Reform UK (partido anti-imigração e eurocéptico), Nigel Farage, pediram que a Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento) encurte as férias.
No entanto, Yvette Cooper, em declarações à BBC, rejeitou a ideia de convocar, neste momento, o parlamento e garantiu que o Governo está em contacto com os deputados.
"O país tem assistido a uma criminalidade extraordinária. Na minha opinião, enquanto políticos, temos de controlar isto de alguma forma e é por isso que estou a pedir a convocação do parlamento neste momento, para que possamos efectivamente debater estas questões", disse Priti Patel em declarações à Radio Times.
Já a deputada trabalhista Diane Abbott escreveu na rede social X que o fim de semana assistiu a "motins anti-imigrantes a nível nacional numa escala nunca antes vista".
"Ameaçam a vida, a propriedade e a nossa força policial. Precisamos de convocar o parlamento", insistiu.
"Talvez seja altura de convocar o parlamento. Esta violência tem de acabar. O primeiro-ministro (Keir Starmer) tem razão, as detenções devem ser rápidas. Temos também de abordar as causas desta violência, que é tão simples quanto complexa", afirmou, por sua vez, a também deputada trabalhista Dawn Butler na rede social X.
Farage, por seu lado, disse à rádio LBC que o país precisa de "um debate honesto" sobre imigração e integração para "dar às pessoas a confiança de que existem soluções políticas que são relevantes".