"O Irão está determinado a defender a sua soberania e a sua segurança nacional, para além de ajudar a garantir uma estabilidade sólida na região e a criar dissuasão contra a verdadeira fonte de insegurança e de terrorismo na zona", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Naser Kanani, em comunicado.
O diplomata iraniano afirmou que o seu país "não pede autorização a ninguém para utilizar os seus direitos reconhecidos", referindo-se a uma retaliação ao assassinato do líder político do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão, a 31 de Julho.
Perante a iminência de um ataque iraniano em território israelita, a Alemanha, a França e o Reino Unido instaram Teerão e os seus aliados a absterem-se de atacar Israel, a fim de evitar uma escalada das tensões regionais e de não pôr em risco a possibilidade de um cessar-fogo.
"A declaração dos três países europeus, sem qualquer objecção aos crimes do regime sionista [Israel], pede descaradamente à República Islâmica do Irão que não castigue, como acto de dissuasão, o regime que viola a sua soberania e integridade territorial", criticou o porta-voz iraniano.
Num comunicado conjunto divulgado na segunda-feira, Berlim, Paris e Londres afirmam-se "profundamente preocupados com o agravamento das tensões na região" e consideraram que "nenhum país ou nação tem a ganhar com uma nova escalada no Médio Oriente".
"Apelamos ao Irão e aos seus aliados para se absterem de ataques que agravem ainda mais as tensões regionais e comprometam a possibilidade de alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns", pediram os três líderes europeus.
Consideraram que o Irão e os seus aliados, como o Hezbollah libanês e os Huthis do Iémen, "serão responsáveis por acções que ponham em causa" qualquer oportunidade de paz e estabilidade na região.
O conflito adquiriu uma nova dimensão com os assassinatos, em julho, do chefe militar do Hezbollah libanês, Fouad Chokr, perto de Beirute, e do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão.
No comunicado emitido hoje, o Governo iraniano denunciou também a indiferença dos países ocidentais em relação aos crimes israelitas e afirma que "este regime sionista continua a cometer todos os tipos de crimes internacionais, incluindo genocídio e crimes de guerra contra a nação palestiniana indefesa".
"A impunidade das autoridades sionistas aumentou a sua insolência ao cometerem os crimes mais hediondos", afirmou Kanani.
A República Islâmica do Irão, um inimigo ferrenho de Israel, lidera o chamado "Eixo da Resistência", uma aliança anti-israelita que inclui o Hamas, o Hezbollah do Líbano e os Huthis do Iémen, entre outros.
O Irão já lançou um ataque directo sem precedentes contra o território israelita em meados de Abril, em represália pelo bombardeamento do consulado iraniano em Damasco, na Síria, que matou sete membros da Guarda Revolucionária Iraniana, incluindo dois generais.