A Nova Frente Popular (NFP), mais votada nas eleições, propôs a economista Lucie Castets, de 37 anos, como próxima primeira-ministra e tem pressionado o Presidente francês a tomar uma decisão sobre a formação do novo governo, sem sucesso.
No domingo, a força mais poderosa da NFP, o partido França Insubmissa (LFI na sigla em francês, da esquerda radical), acusou Macron, através de um anúncio publicado no A Tribuna de Domingo (La Tribune du Dimanche, em francês) e assinado por Jean-Luc Mélenchon, Mathilde Panot e Manuel Bompard, de um "golpe de Estado institucional" e ameaçou recorrer à Constituição francesa para o destituir.
Evidenciando a diferença de perspectivas dentro da própria coligação de esquerda, a candidata socialista Lucie Castets rejeitou na segunda-feira um eventual processo de destituição do Presidente, referindo que o seu objectivo é a coabitação.
"Existe uma emergência social e democrática no país actualmente", afirmou Lucie Castets numa entrevista ao canal de televisão BFMTV, acrescentando que para si "o que é absolutamente urgente é implementar as políticas que o povo francês espera" e "fortalecer os serviços públicos".
O próximo chefe de Governo francês terá de elaborar um orçamento antes do outono, para que possa ser aprovado por um parlamento caracterizado por uma fragmentação sem precedentes em França.
Anunciando a intenção de formar um novo governo com uma "maioria mais ampla e estável possível", o chefe de Estado francês convocou os presidentes dos grupos parlamentares da Assembleia Nacional e do Senado para uma reunião na sexta-feira.
Com o fim da trégua olímpica devido à realização dos Jogos Olímpicos de Paris entre 26 de Julho e 11 de Agosto, o Presidente francês espera que, por uma questão de "responsabilidade", os diferentes partidos franceses façam um esforço para pôr em prática o "desejo de mudança e de grande unidade" expresso nas urnas.
A presidência francesa já anunciou que a nomeação para o cargo de primeiro-ministro será feita após o fim destas consultas, embora não haja uma data específica para o anúncio da escolha de Macron, que terá de ser aprovada pela Assembleia Nacional.
Nas eleições legislativas antecipadas, os partidos aliados do partido presidencial Renascimento perderam a maioria na Assembleia Nacional, com a vitória da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) ao eleger 193 deputados a 07 de Julho, sem obter a maioria absoluta de 289 lugares necessária para governar.
Em Julho, Emmanuel Macron aceitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, Gabriel Attal, que ficou até agora no cargo a gerir os assuntos correntes.
Em 13 Agosto, o primeiro-ministro interino francês propôs à maioria dos grupos políticos da Assembleia Nacional "um pacto de acção para os franceses", com vista a estabelecer "compromissos legislativos" no interesse comum, excluindo o partido de extrema-direita União Nacional (RN, sigla em francês) e a França Insubmissa (LFI).