Presidente do Conselho Europeu admite que membros da NATO aumentem investimento na Defesa acima dos 2%

PorExpresso das Ilhas, Lusa,30 jan 2025 8:19

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, admitiu hoje que os Estados-membros da NATO vão decidir aumentar a meta do investimento em Defesa, actualmente nos 2% do PIB, que o Presidente norte-americano, Donald Trump, quer subir para 5%.

Em entrevista à RTP, Costa, no cargo desde 1 de Dezembro passado, recordou que em 2014, os aliados decidiram aumentar até 2% dos respectivos produtos internos brutos (PIB) o investimento em Defesa.

"A média do conjunto das despesas militares nos 23 Estados da União Europeia que são também aliados na NATO já atingiu os 2% e, sobretudo, desde 2022 para cá, nós tivemos um aumento muito significativo", na ordem dos 30%, na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, recordou o ex-primeiro-ministro português.

António Costa disse acreditar que "há um consenso bastante razoável entre os Estados-membros para prosseguir esta trajectória".

"Eu anteciparia que seguramente na próxima cimeira da NATO, em Junho, se vai fixar uma meta superior aos 2%. Se são os 5%, se são 3%, não sei, é uma decisão que os Estados-membros tomarão no âmbito da NATO", afirmou o presidente do Conselho Europeu, organismo da União Europeia que reúne os chefes de Estado e de Governo dos 27.

O novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já veio defender que os países da NATO devem aumentar a sua contribuição para 5% do PIB.

Perante a afirmação do secretário-geral da NATO, Mark Rutte, de que os governos devem estar preparados para cortar no investimento social, Costa considerou que "não é seguramente o melhor argumento para convencer os cidadãos a compreender a necessidade de aumentar a despesa em defesa e segurança".

"Todos sabemos que nada existe se não houver, primeiro, segurança e se não estiver assegurada a defesa", afirmou, salientando que, desde o início da guerra na Ucrânia, "a ameaça à segurança [europeia], à soberania, à integridade do território não é uma ameaça distante".

"É hoje uma ameaça real na própria Europa e por isso é fundamental manter o apoio à Ucrânia, porque se a Ucrânia cair, a ameaça aproxima-se ainda mais", comentou.

O investimento em Defesa é também uma oportunidade para a economia europeia, apontou Costa.

"Para que os Estados-membros da União Europeia tenham capacidade de reforçar o seu investimento em Defesa, é fundamental também reforçar a sua base económica industrial", salientou.

Costa destacou ainda que a UE pode "ajudar a racionalizar os investimentos", definir "um quadro de capacidades conjuntas", aumentar "a eficiência da despesa, através de compras conjuntas e da standardização dos mesmos tipos de equipamentos, assegurando a sua interoperabilidade" e prever "financiamento comum para capacidades que são comuns".

António Costa convocou para a próxima segunda-feira um retiro informal dos líderes dos 27 dedicado precisamente ao investimento em Defesa e segurança, com a presença de Rutte, e do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

Para Costa, a Rússia "é claramente hoje a maior ameaça externa à União Europeia".

Os 27 devem reforçar a sua "autonomia estratégica", tendo como "grande prioridade os sistemas de defesa aérea e antimíssil" e a "defesa contra a guerra electrónica", acentuou.

No entanto, ressalvou, "essa autonomia estratégica não é um distanciamento relativamente aos Estados Unidos", parceiro na NATO.

O tema da Defesa será destacado no Conselho Europeu de Junho, "logo a seguir" à cimeira da aliança atlântica, salientou Costa.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,30 jan 2025 8:19

Editado porAndre Amaral  em  30 jan 2025 14:22

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