"O apoio externo e o fluxo de armas têm de parar", disse António Guterres na Conferência Humanitária de Alto Nível para o Povo do Sudão, em Adis Abeba, na véspera da cimeira da União Africana (UA) deste fim de semana.
"Este fluxo está a permitir que a tremenda destruição de civis e o derramamento de sangue continuem", sublinhou o líder da ONU, defendendo que "os civis, incluindo os trabalhadores humanitários, devem ser protegidos".
O antigo primeiro-ministro português apelou também a um "acesso humanitário rápido, seguro, desimpedido e sustentado em todas as áreas de necessidade", uma vez que esse acesso continua a ser "um desafio fundamental, particularmente onde os combates são mais ativos".
Na próxima semana, as Nações Unidas, juntamente com organizações parceiras nacionais e internacionais, lançam o Plano de Resposta às Necessidades Humanitárias do Sudão 2025 e o Plano de Resposta aos Refugiados do Sudão 2025.
Estes planos, disse, requerem "seis mil milhões de dólares [5,73 mil milhões de euros] para ajudar cerca de 21 milhões de pessoas no Sudão e outros cinco milhões refugiados em países vizinhos, uma crise humanitária sem precedentes no continente africano".
"O Sudão está a viver uma crise de escala e brutalidade impressionantes", insistiu Guterres, que considera que a situação "exige uma atenção sustentada e urgente da União Africana e da comunidade internacional em geral".
A guerra no Sudão já matou dezenas de milhares de pessoas (até 150.000, segundo as estimativas dos Estados Unidos).
O conflito também obrigou mais de 11 milhões de pessoas a fugir das suas casas, o que faz do país o cenário da pior crise de deslocados do mundo, segundo as Nações Unidas.