Lula da Silva lamentou ainda as distorções no comércio internacional, referindo-se à guerra comercial desencadeada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e defendeu a "redução das assimetrias entre os países".
O chefe de Estado brasileiro falava durante a abertura do fórum China-CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e das Caraíbas), a decorrer na capital chinesa.
"É essencial que a colaboração entre a CELAC e a China contribua para fortalecer a indústria e a inovação na região", referiu Lula da Silva.
O Presidente brasileiro acrescentou que "as situações de crise mostram que a prosperidade a longo prazo exige trocas equilibradas e economias diversificadas".
"Só através de uma maior coordenação entre nós poderemos aproveitar plenamente o potencial de cooperação entre a China e a região da América Latina e Caraíbas, isto é especialmente evidente na área das infraestruturas", declarou Lula da Silva, que realçou que o apoio chinês é decisivo nesta área.
O político brasileiro destacou também a importância do "amplo acesso a tecnologias de energia limpa" para a América Latina e Caraíbas.
Segundo Lula, "a América Latina, as Caraíbas e a China podem mostrar ao mundo que é possível conter as alterações climáticas, sem abdicar do crescimento económico e da justiça social".
Também durante a abertura do fórum, o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, apelou a uma diplomacia "livre de autoritarismo e imperialismo, uma troca de iguais entre civilizações".
Petro lamentou ainda que "a descarbonização não avance" porque "a crise climática está a ser negada" devido a "ideologias que obscurecem o coração, a alma e a mente".
Já o Presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que "a soberania não reside apenas no respeito pelas fronteiras físicas, mas na decisão livre e soberana de decidir com quem e quando comercializar".
O fórum avaliará as relações da China com a América Latina, após o regresso ao poder nos Estados Unidos de Donald Trump, que lançou uma guerra comercial sem precedentes e também tem pressionado os países americanos a reduzirem ou romperem os seus laços com Pequim.
"O comércio é o encontro dos povos, e queremos encontrar-nos com todos os povos, não ter de escolher um ou outro por imposição", sublinhou Boric.
Após a abertura do fórum, Lula da Silva deverá reunir-se com o homólogo chinês, Xi Jinping, e assinar acordos para ampliar a cooperação bilateral.
Além de serem membros do G20, Brasil e China, juntamente com Rússia, Índia e África do Sul, são fundadores do bloco BRICS.
O Brasil ocupará a presidência anual do BRICS em 2025 e será o anfitrião da próxima cimeira, pelo que se espera que Xi Jinping visite o Brasil nos próximos meses.