"Vivemos num mundo profundamente diferente daquele que foi fundado em 1945, quando 51 nações --- hoje quase todas as nações do mundo --- decidiram unir-se para fundar uma organização internacional cujo principal objectivo era prevenir a guerra", lembrou Giorgia Meloni, acrescentando: "A pergunta que nos devemos fazer 80 anos depois, quando olhamos à nossa volta, é: conseguimos?".
A líder conservadora afirmou ainda que "a paz, o diálogo e a diplomacia parecem incapazes de convencer ou de vencer".
Neste sentido, a primeira-ministra italiana citou o conflito na Faixa de Gaza, denunciando que Israel "excedeu" a sua resposta aos ataques do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) a 7 de Outubro de 2023, "violando as normas humanitárias e provocando um massacre de civis".
Por isso, anunciou que Roma apoiará "algumas das sanções propostas pela União Europeia" contra as autoridades israelitas, embora não tenha especificado quais.
"Israel deve escapar à armadilha desta guerra. Deve fazê-lo pela história do povo judeu, pela sua democracia, pelos inocentes, pelos valores universais do mundo livre de que faz parte", declarou.
E, para pôr fim a uma guerra, "são necessárias soluções concretas", acrescentou Meloni, insistindo: "a paz não se constrói apenas com apelos ou proclamações ideológicas aceites por aqueles que não a querem".
As declarações de Meloni surgem depois de dezenas de milhares de pessoas se terem manifestado nas principais cidades do país contra a recusa em reconhecer oficialmente o Estado palestiniano.
Reiterou que, para Itália agir neste sentido, devem ser reunidas duas condições essenciais: a libertação de todos os reféns que permanecem na Faixa de Gaza e a exclusão do Hamas de qualquer futuro Governo palestiniano.
A primeira-ministra italiana sublinhou que foi a milícia "que desencadeou a guerra que poderá pôr fim ao sofrimento dos palestinianos libertando imediatamente todos os reféns, mas parece determinada a enriquecer com o sofrimento do povo que diz representar".
Meloni sublinhou a necessidade de reformar as Nações Unidas para que possam "enfrentar os desafios" que surgem 80 anos após a sua fundação.
"No multilateralismo, o diálogo e a diplomacia, sem instituições que funcionem como devem, são apenas palavras vãs; devemos reconhecer os nossos limites", argumentou.
Assim, considerou que a ONU precisa "urgentemente" de uma reforma "profunda": "não uma reforma ideológica, mas uma reforma pragmática e realista, que respeite a soberania das nações e esteja aberta a soluções partilhadas", afirmou, defendendo uma instituição "capaz de minimizar a burocracia e o desperdício".
A governante aproveitou a oportunidade para criticar o facto de "alguns" direitos humanos receberem menos protecção do que outros dentro das Nações Unidas, atitude que apelidou de "hipócrita".
Nesse sentido, apelou ao "valor negado da liberdade religiosa" e denunciou o facto de "dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo, na sua maioria cristãs, serem perseguidas e massacradas".