​Elemento de movimento cívico denuncia sequestro de 12 ativistas na Guiné-Bissau

PorExpresso das Ilhas, Lusa,2 nov 2025 9:45

Um elemento do Movimento Firkidja di Púbis, que realizou hoje uma concentração em Lisboa contra o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, denunciou “o sequestro” de 12 ativistas na Guiné-Bissau, que iriam organizar um protesto em Bissau.

Yussef falava à agência Lusa à margem da concentração que juntou hoje algumas dezenas de pessoas no Largo de São Domingos, no Rossio, em Lisboa, contra o que classificam de a “ditadura de Sissoco”.

Esta iniciativa em Lisboa foi marcada em paralelo com uma outra que estava prevista para a capital Bissau, promovida pelo Movimento Revolucionário Pó de Terra (MRPT).

Segundo Yussef, os 12 elementos alegadamente raptados pertenciam ao MRPT.

“Obtivemos a informação, esta manhã, que 12 elementos dessa organização [MRPT] tinham sido sequestrados e esse sequestro foi realizado pelas milícias do senhor Umaro Sissoco Embaló”, disse.

E acrescentou: “Desde o dia 27 de fevereiro de 2020, até aos dias de hoje, de forma corrente, temos vindo a assistir a sequestros de políticos, sindicalistas, ativistas, a partir do momento que expressam a sua indignação contra a ditadura que está a ser instalada na Guiné-Bissau”.

“Ao mesmo tempo, significa também a destruição daquelas conquistas de liberdade que tínhamos granjeado desde a luta de libertação até aos dias de hoje”, disse.

Segundo Yussef, o paradeiro dos 12 elementos do movimento é desconhecido, mas os responsáveis foram identificados pelos ativistas.

“Dizemos aqui, de uma forma clara, que a responsabilidade pela integridade física e moral destes nossos camaradas, nós colocamo-la em cima do senhor Sissoco Embaló, em cima do senhor Botche Candé [ministro do Interior] e em cima do general Biaguê Na N'Tan, que é o chefe das Forças Armadas”, afirmou.

Em Lisboa, o Movimento Firkidja di Púbis promete fazer eco de todas as reivindicações que existem na Guiné-Bissau e que, por uma série de razões, mas fundamentalmente pela ditadura que está instalada, elas não se podem manifestar.

“Há uma resistência e queremos fazer eco desta resistência”, disse, defendendo como prioridade absoluta para a Guiné-Bissau a queda do atual regime e “uma queda com estrondo”.

“Achamos que o agente político para concretizar esta necessidade histórica do nosso povo é o próprio povo da Guiné-Bissau, organizado politicamente. Não pensamos que isso deva acontecer através de negociatas, nem eleições que representam simulacros, uma vez que temos órgãos - que devem organizar estas eleições e aprová-las - caducas, fora da lei”, disse.

E concluiu: ”É através das ruas que podemos derrubar este regime e abrir um espaço para uma transição para uma democracia de facto”.

No Largo de São Domingos, ouviram-se palavras de ordem e vivas ao “pai” da independência da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, mas foi o Presidente guineense o foco do desagrado dos guineenses ali presentes e que residem em Portugal.

“Sissoco, rua”, “abaixo os contadores de mentiras”, “abaixo os militares assassinos” ou “abaixo os juízes assassinos” foram algumas das palavras de ordem que se ouviram naquela zona do Rossio lisboeta, algumas das quais escritas em cartazes improvisados.

A assistir à preparação da manifestação, o angolano Carlos Sousa lamentava: “Coitado do meu povo irmão”.

À Lusa, disse que desejava “umas eleições mais transparentes e acompanhadas por entidades internacionais”.

“Os três países – Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - que fizeram uma luta árdua contra o colonialismo são os três países que está a ser uma pouca vergonha para nós em termos de democracia, 50 anos depois”.

Carlos Sousa esperava que, por terem sido os primeiros a proclamar a independência (1973), os guineenses encontrassem primeiro a estabilidade.

“Essa instabilidade que se verifica na Guiné-Bissau afugenta o investimento estrangeiro, o turismo…”, disse, sublinhando: “Eu adoro o povo guineense, é um povo humilde, um povo sério. O problema é a governação”.

Embaló tomou posse em 27 de fevereiro de 2020, depois de vencer a segunda volta contra Simões Pereira, que foi apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), partido no poder que liderava o país desde a sua independência de Portugal em 1973.

Crédito fotografia: Depositphotos

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,2 nov 2025 9:45

Editado porFretson Rocha  em  2 nov 2025 23:22

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