É uma factura muito grande que a sociedade cabo-verdiana irá pagar no futuro, se não houver, o quanto antes, uma saudável inversão de marcha.
Um dos temas preferidos dessa gente raivosa, e historicamente obtusa, é a escravatura. Só querem culpar “o branco”, à boa maneira de Frantz Omar Fanon, um dos grandes ídolos dessa forma invertida de negritude, e até de racismo.
Mas nunca falam do papel dos africanos no tráfico negreiro. Os escravos eram caçados no interior do continente e vendidos na zona litoral, por onde passavam os navios dos aventureiros.
As nossas criancinhas, e muitos adultos infantilizados pela propaganda, acham que apenas os negros foram escravizados. Acreditam nisso.
Não sabem que, entre 1530 e 1780, um pouco antes da Revolução Francesa, mais de um milhão de europeus foram escravizados pelos negros, apanhados por traficantes africanos na zona do Mediterrâneo, sobretudo. O historiador Robert Davis, da universidade de Ohio, tem escrito sobre a escravidão branca no Mediterrâneo e na Itália. Os piratas negros partiam de locais como Túnis ou Argel, e depois atacavam no alto mar ou nas zonas costeiras.
E muito menos falam da escravatura praticada pelos árabes, com terríveis consequências no continente africano.
Como explicou Tidiane N’Diaye, os árabes espoliaram a África subsariana durante treze séculos, sem qualquer interrupção.
A escravização dos negros pelos islâmicos só terminou no século XX, cerca de dois séculos após a abolição do tráfico de escravos europeu. É “O Genocídio Ocultado”, guardado a sete chaves pelos profetas do politicamente correcto.
Escondem, também, um outro aspecto crucial da história contemporânea: o facto de a economia dos países socialistas assentar-se, quase por inteiro, no trabalho escravo.
Só ensinam tolices nas suas cátedras de “humanidades”.
Dizem (vide o sr Nardi Sousa, adoptando alguns mitos frágeis do “terceiro-mundismo”) que o desenvolvimento europeu e do Ocidente em geral resultou de uma espécie de “acumulação primitiva do capital”, a partir da colonização de África.
É uma falsidade monumental. A Nova Zelândia não colonizou ninguém em África, mas é, mesmo assim, um país rico, próspero e bastante desenvolvido. O mesmo se diga do Japão ou do Canadá.
Um dia desses, dedicarei um artigo inteiro à interessante questão do “terceiro-mundo”, essa invenção de Stalin, o implacável ditador russo, para minar a credibilidade ocidental e manter os novos países independentes na órbita da antiga URSS e da sua “ideologia” colectivista tirânica.
O terceiro-mundismo só serviu, e ainda serve, para reforçar o campo do comunismo internacional. A esquerda sempre usou os pobres como massa de manobra.
Por enquanto, ouçamos um extracto da prosa instigante de Jean-François Revel, num escrito pouco conhecido entre nós que irei retomar daqui a uns dias, conforme prometi: “O objetivo da ideologia terceiro-mundista é acusar e, se possível, destruir as sociedades desenvolvidas. Não é seu propósito promover o desenvolvimento das sociedades atrasadas. Qualquer êxito específico na luta contra o subdesenvolvimento implica uma revisão dolorosa dos pontos essenciais da ideologia terceiro-mundista”.
Uma outra pérola produzida, com frequência, pelos nossos famosos “cientistas” e sociólog(r)os tem a ver com a questão da criminalidade e da insegurança pública. Eles acham que o crime é apenas o produto da pobreza ou então da “desigualdade”.
É o que ensinam solenemente às suas indefesas cobaias, nas sessões lectivas de lavagem cerebral e em artiguinhos patéticos publicados por aí.
No fundo, essa “teoria” da pobreza (ou será a pobreza da teoria?) é a tradução da célebre “luta de classes” marxista, opondo os ricos aos pobres, o “proletariado” contra a burguesia.
É um enorme disparate, todavia. Os sicofantas destruíram a procura sincera da sabedoria.
O ideal da velha e boa universidade perdeu-se nas brumas do passado.
Ora, o crime NUNCA é produto da pobreza ou coisa parecida.
O filósofo Olavo de Carvalho, num artigo de leitura obrigatória, explica-nos o mal-entendido desses pseudo-académicos.
Na América Latina, há uma intensa colaboração entre os partidos de esquerda e organizações malignas como as FARC, disseminando crime e terror em larga escala, sem que as vítimas inermes consigam perceber o fundo das coisas.
Vale a pena escutar o pensador brasileiro radicado nos EUA: “Nenhuma ação humana é determinada diretamente pela situação econômica, mas pela interpretação que o agente faz dela, interpretação que depende de crenças e valores. Estes, por sua vez, vêm da cultura em torno, cujos agentes criadores pertencem maciçamente à camada letrada, como por exemplo os bispos evangélicos e os cientistas sociais. Os bispos ensinam que, mesmo para o pobre, o crime é um pecado. Os cientistas sociais, que os criminosos, agindo em razão da pobreza, são sempre menos condenáveis do que os ricos e capitalistas que (também por uma correlação geral mágica) criaram a pobreza e são por isso os verdadeiros culpados de todos os crimes. Essas duas crenças disputam a alma da população pobre. Não é preciso dizer qual delas estimula à vida honesta, qual à prática do crime. Nos bairros mais miseráveis e desassistidos, qualquer um pode fazer esta observação direta e simples: as pessoas de bem repetem o discurso dos bispos, os meliantes o dos cientistas sociais…” (ver Experimento sociológico, in http://olavodecarvalho.org/experimento-sociologico/).
Defender esse tipo de “teoria” é, portanto, a burrice suprema e a prova definitiva, apesar de tudo, do analfabetismo funcional desses catedráticos de fato-e-gravata. Que pobreza mental!...
Desafio qualquer um deles a discutir, publicamente, esse assunto comigo, com regras claras de debate preestabelecidas.
Só para aclarar um pouco a mente perturbada desses indivíduos: se a insegurança pública fosse mero efeito da pobreza, Cabo Verde seria um santuário da delinquência em 1947 ou, pior ainda, em épocas mais recuadas, quando o nosso povo vegetava na mais terrível pobreza e carestia de bens básicos, sob o flagelo do Vento Leste.
A História mostra-nos exactamente o CONTRÁRIO. Havia uma elevada taxa de pobreza, mas a criminalidade era praticamente inexistente. Em todas as ilhas de Cabo Verde. Até há bem poucos anos, mesmo nas cidades, as pessoas dormiam com as janelas da casa abertas. Havia RESPEITO e uma ética CRISTÃ geralmente difundida que promovia um sentimento de dignidade pessoal, capaz de resistir às adversidades da vida.
Essa “teoria” é pura treta. Mera técnica de subversão.
Não tem nada de científico. Nothing. É tudo hilariante.
Esses senhores são, efectivamente, ENGENHEIROS SOCIAIS.
Querem, sobretudo, alterar comportamentos e promover o caos. Legitimam a delinquência.
Sustentam teses de larápios. Cultivam o niilismo mais larvar.
Fazem agitprop, esses rebentos tardios da Frankfurter Schule.
É assim que devem ser compreendidos.
ELES, sim, estimulam a prática regular do crime e fomentam, sofregamente, a insegurança, fragilizando o governo das leis, com base nas suas crenças revolucionárias, torpes e pró-marxistas.
Detestam a ordem pública e as boas maneiras constitutivas da sociedade civil, como explicara Adam Ferguson já em 1767.
A sociedade civil é o sustentáculo da democracia, para além do mercado e do Estado.
Esses cavalheiros são propulsores da desagregação social, no seu permanente trabalhinho de sapa.
São delinquentes de colarinho branco. E a imagem perfeita do “homem novo” que a perversa revolução de 1975 congeminou!
Texto originalmente publicado na edição impressa do expresso das ilhas nº 927 de 04 de Setembro de 2019.