Não durou muito para continuar a minha viagem e dpos d dxe rbera um ba deta dbax d1 laranjera…e voltei a adormecer embalado pelo vento-blues…
Sonhei, e continuei no planeta onde se admite que os poetas compreendem tudo e é bom ser pirata… que a lua é infinita…e são iluminados pa un luz d’sima, d’la d’riba…
Misturam, misturam-se e procuram as misturas, ou não fossem crioulos, e tal estado de alma não lhes corresse no sangue.
Seguem o que fazem, sem olhar para o(s) lado(s) pois há que não perder tempo, vida ka ta permiti, inda, mas kand bo e kte na el… o ke importá e ser livre pa sol ba e bem…
São soldados de uma revoluSon…
São nossos músicos e consequentemente a nossa música. Pisam palcos conceituados por causa da inovação que imprimem nas sonoridades que fazem e fazem-nos crer cada vez mais que somos muitos e tantos, que somos de muitos lugares, que somos de um mundo tão criativo que não cabe certamente nas nossas 10 ilhas. Talvez por isso os deuses deram-nos o Mar e as Ilhas. Se nelas temos as nossas bases, nele temos estrada aberta para não pararmos… porque a nossa música dá asas aos nossos músicos e estes agradecem e espalham-na.
Conforme acima referi, Danae, que considero ser claramente uma das figuras mais criativas do nosso planeta-música, fez um pouco da frente de uma enorme geração que fazem a sua música em apostas musicais onde não existem fronteiras nem prateleiras onde não se mexe… onde Bilan e Lulas também foram pilares robustos onde tudo se (as)sentava. São claramente presas as raízes, que os prende às ilhas, mas que também é suficientemente elástica para os deixar voar em busca de novas experiências e alimento para que assim criem. E assim o fazem, sempre o fizeram e com humildade, assobiando sempre as sonoridades dos que os antecederam (dos clássicos, de Paulino a Jon Luz e ainda toda a musicalidade que se tornou (d)eles próprios…) abrem estradas para novos grupos que se destacam, como é agora o caso dos Acácia Maior, a tal acácia que um dia nasceu, deu frutos e ocupa palcos de (re)nome. Um dia sonharam com uma culturaednossa…
As telas onde se fazem pintar, são muitas: a de Danae é feita das cores de sonhos e ritmos mil, que vão de Santiago para o mundo.
Lulas e os marcantes Cachupa Psicadélica, procuram as guitarras de Seattle embrulhada num imaginário alternativo cabo-verdiano e uma forte e requintada maquinaria da era pós Henrique Silva. O nome de Lulas, liga com criatividade extrema e para mim: paixão à primeira audição…
Bilan escolheu como tela também as viagens, mas que vão dos desertos ao espaço, sempre recheadas de sentimentos expressos. Há nela balaços e blues.
Em Cabo Verde, tem como parceiro da mesma revoluSon a figura de Ary Kueka, o cantautor por excelência, cujo sentir se transforma em letras cantadas e (en)cantadas. Consegue expressar com poesia simples a profundidade das coisas, lugares e sentires.
São provavelmente (também) a nossa música dos dias de hoje.
Voem, e voem alto porque a música de Cabo Verde é (agora) vossa…e como nós precisamos desta geração Pantera e mareluz…
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1058 de 9 de Março de 2022.