Viveu na Guiné-Bissau enquanto adolescente e sempre esteve ligado à música (e de uma maneira geral às artes como viria mais tarde a mostrar).
Já antes dos Cobiana Djazz teria participado, em grupos que lhe fizeram as bases musicais e certamente as poéticas, como “Roda Livre” e “Pérolas Negras”, até fundar o “Sweet Fenda”, seu próprio conjunto.
Segue a adolescência e, entretanto, muda-se para Lisboa onde trava conhecimentos que o virão a marcar, inclusive musicalmente quando procura novos caminhos para a música guineense principalmente no incutir de ritmos nacionais e sobretudo no uso do crioulo onde “se expressava assim para todos”. Relembro que vivíamos a década de 70 e se as letras de Schwarz já eram de contestação, o fator crioulo criava obviamente maiores barreiras ao cantautor que jurou dar os braços à paixão que o movia pelo seu país e, perante a realidade que via, tentar alcançar um país mais justo.
Voltando ao parágrafo anterior, é notável as misturas que consegue de ritmos inspirados na Guiné-Bissau e melodias mais clássicas, onde tudo acaba por ter sentido quando ouvimos a intensa poesia num crioulo que, para mim, é o mais musicado dos que conheço.
Mas, centrando-nos mais no cantautor, poeta por excelência e mestre em referir-se a situações desconfortáveis recorrendo a versos imagéticos e recheados de metáforas, o compositor desenhou sobretudo com as cores do amor, da mulher, da criança, da vida no campo, e obviamente da política e sociedade.
Lindos são os poemas que cantavam o amor/mulher.
Gravou um disco em nome próprio – “Djiu di Galinha” (ilha onde Schwarz esteve preso) e dois volumes com os Cobiana Djazz: Bissau vol. 1 e Bissau vol. 2.
No ano passado já sobre alguma regência do filho Remna Schwarz, foi lançada uma compilação com o principal do poeta que cantava a realidade - o que via – de forma sublime, num fluir pensamento-descrição de enorme preciosismo, criatividade quando necessário, metafórico quando imperativo, porém coerentemente belo.
Assim, para os temas de Schwarz (cuja música deverá ser acompanhada de leitura sobre o cantautor) fica a proposta de audição do último trabalho compilatório - se preferir o vinil da editora Hot Mule, onde terá bem resumido o panorama musical do filho da Guiné-Bissau que e poeta do mundo.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1065 de 27 de Abril de 2022.