Naty Martins – Fortuna, raiz e originalidade

PorPaulo Lobo Linhares,18 mar 2024 7:50

Naty Martins é certamente o novo nome da nossa música. Digo isso pois acredito que para ser novo é preciso trazer algo mais… algo diferente.

É claramente dos músicos que começa pelo desenho que nos propõem em palco, onde o traço de realce será o leve e constante sorriso que mantêm ao longo do espetáculo. Conforme o que canta vai moldando-o, mas sempre com a mesma suave-intensidade.

Baila nas sonoridades-vento, porém entrega-se por completo quando assim a música o pede. É arrebatador ver Naty a deixar-se levar quando o Batuku a chama ou quando o Funaná pede que ela …com ele dance. O resto é desenho próprio da mulher-mundo, de cor castanho-laranja e cabelos que fazem lembrar as raízes de uma árvore.

Naty mistura-se com o som que canta. As sonoridades étnicas com sabor a várias partes do mundo. Se acima falamos do sorriso da artista como denominador comum nas suas actuações, em termos musicais há também essa constância marcada pela música de raiz cabo-verdiana.

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Mas a marca maior de Naty é incontornável – a sua voz. Muitas vezes arriscamo-nos a descrever vozes. Contudo, há as que não nos permitem isso, por serem quase únicas e daí o termo de comparação ser muito raro. De timbre fortíssimo, por vezes faz-nos ir às grandes vozes de corais africanos. Cores de contralto da ópera também se fazem sentir, em termos de sonoridades. O crioulo cabo-verdiano que se solta da voz de Naty torna-se então mais trauteado.

Naty é voz rara em Cabo Verde. Diferente

Mas ainda há a poesia. No álbum que agora lança, há cinco temas de Naty…da cantautora Naty Martins. Poesias que vêm de estórias, vivências e sentimentos. Quatro temas inéditos de Mário Lúcio trazem bênção ao disco que ainda conta com um tema de David Rocha, amigo musical de Naty. Temos a temática amor como a esquadria das letras que depois passam pelo enaltecer da cultura africana, pelo clima, pela chuva e por demais momentos contados.

Fortuna – que foi lançado esta semana – traz uma banda de luxo a musicar o disco cuja produção é de N’Du Carlos, os arranjos de David Rocha e a direcção artística de Mário Lúcio. Palinh Vieira, Elias, Gilmar e o próprio N’Du fazem o quarteto musical.

Muito mais ainda haverá por dizer de Naty, mas discos com a intensidade deste – são para se ouvir e sentir.

Uma certeza – o diferenciado abraça neste pedacinho-fortuna a música de Cabo Verde… e creio que rapidamente …mundo.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1163 de 13 de Março de 2024.

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Autoria:Paulo Lobo Linhares,18 mar 2024 7:50

Editado porAndre Amaral  em  4 mai 2024 23:28

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