Exorto todos os partidos políticos de Cabo Verde a não apenas incluírem mulheres nas suas listas eleitorais, mas a posicioná-las em lugares verdadeiramente elegíveis, garantindo que a presença feminina no parlamento seja efetivamente representativa da população do país.
Mais do que nunca, é necessário que as direções partidárias assumam a responsabilidade de propor mulheres para cargos de liderança, nomeadamente para a presidência da Assembleia Nacional, cargo historicamente ocupado, entre nós, exclusivamente por homens, o que traduz um contra sensu num país em que “A mulher cabo-verdiana tem sabido sempre esculpir, na fina porcelana do nosso destino, um rosto da Nação”, como afirmou o presidente Jorge Carlos Fonseca.
A representatividade não é apenas um princípio democrático, mas uma necessidade social. Mulheres trazem experiências de vida, sensibilidades e prioridades que enriquecem o debate parlamentar e promovem justiça social. Parlamentares mulheres têm sido, em todo o mundo, protagonistas na aprovação de leis e políticas que protegem as vítimas de violência, promovem a educação para a igualdade e garantem direitos fundamentais para todas as pessoas. A sub-representação das mulheres no parlamento perpetua desigualdades estruturais e limita a pluralidade de olhares essenciais para uma democracia robusta.
Como hoje reconheceu o PR José Maria Neves, a violência baseada no género é uma chaga que atravessa fronteiras, classes sociais e gerações. Ter mais mulheres no parlamento é uma das estratégias mais eficazes para enfrentar este problema, porque são as mulheres que, conhecendo na pele a realidade da discriminação e da violência, lideram o avanço de leis e políticas públicas de prevenção, punição e apoio às vítimas.
Mas, mais do que isso. Quando mulheres ocupam cargos de poder, tornam-se modelos para as novas gerações, quebram estigmas e desafiam o status quo. A sua presença visível e ativa nas estruturas de decisão política é, por si só, uma forma de combate à violência simbólica, à exclusão e ao silenciamento das vozes femininas. Além disso, mulheres deputadas têm maior propensão a colocar na agenda legislativa temas como o assédio, a violência doméstica, o tráfico de pessoas e a proteção das raparigas, assegurando respostas mais eficazes e empáticas.
Hoje, 25 de novembro de 2025, quando iniciamos os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra Mulheres e Meninas”, é hora deassumirmos que é tempo de ação concreta. Que cada partido político assuma, de forma pública e transparente, o compromisso de transformar as suas listas e candidaturas, colocando mulheres em posições de destaque e liderança. Que cada mulher política reivindique o lugar de liderança que lhe pertence. Que as mulheres cabo-verdianas se juntem para garantir que a próxima presidente da Assembleia Nacional seja uma mulher, uma líder capaz de inspirar, proteger e transformar.
Por um parlamento representativo, inclusivo e verdadeiramente democrático, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas.
Praia, 25 de novembro de 2025.
Lígia Dias Fonseca
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