Artigos de Lígia Dias Fonseca no nosso arquivo
A violência que nos move
Talvez tenha sido sempre assim, talvez não! De certeza que é assim em muitas partes do mundo. Crianças que nascem e vivem no meio da violência e não conhecem outra maneira de sobreviver senão usando todos os meios violentos que lhe foram dados a conhecer e aperfeiçoando os mesmos para não ser derrotado. Uma realidade em pleno século XXI.
Setembro e os seus inícios
1. Setembro entrou e uma nova rotina se inicia para muita gente. O regresso às aulas é uma delas. Os universitários que estudam fora de Cabo Verde e que cá estiveram a passar férias enchem o aeroporto por estes dias. Também me coube acompanhar a minha filha ao aeroporto. Uma coisa normal, nada de apreensões, apenas a confiança de que ela já é uma mulher e sabe, tem de saber, lutar por si própria. Enquanto a via caminhar para a sala de embarque, não pude deixar de reparar nas mães e pais de primeira viagem nesta situação. Os choros, rostos preocupados, aquela vontade de abraçar e não largar ao mesmo tempo que se dá graças a Deus pelas oportunidades que se tem. Mesmo com as novas tecnologias que nos permitem hoje ver e falar com os que amamos quase como se estivéssemos no mesmo lugar, o momento em que os filhos saem de casa para o mundo é sempre difícil. A pergunta que nos fazemos é sempre a mesma: eduquei e preparei-o/a para uma vida independente, num país diferente, para enfrentar todos os obstáculos da vida adulta e as tentações do mundo, para ser uma pessoa livre?
Vamo-nos divertir (Let’s have fun)!
1. Há uns meses, uma jovem deputada portuguesa, no seu discurso no parlamento português durante a sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, chamou a atenção de que os políticos estão para servir o povo, que os políticos também são povo e que a sociedade não se divide em eles (os políticos) e nós (o povo). Ouvir estas palavras de uma mulher jovem que está na política mostra como, tantas vezes, o óbvio tem de nos ser dito na cara, tem de nos ser recordado para que possamos colocar as coisas no seu devido lugar.
Licença para matar
A violência contra as mulheres no âmbito familiar continua a ser considerada normal e aceitável na nossa sociedade, embora os discursos políticos neguem essa realidade. E combater essa mentalidade exige que os tribunais tenham uma postura firme e uma compreensão integral do espírito da lei e da dignidade da pessoa humana que é uma mulher.
Jesus que dança
A imagem de Jesus dançando, mostrando-nos os caminhos por entre as dificuldades da vida de cada um, fez-me sentir uma emoção tão forte, que foi difícil manter-me calma e não desatar a aplaudir para expressar a minha felicidade. Esta imagem foi-nos dada a pensar por Frei Gilson Frede, Custódio dos Irmãos Capuchinhos em Cabo Verde. Estávamos no final da missa solene de ordenação presbiteral do Frei João Michel.
A arte de bem se relacionar
A vida em comunidade exige regras que disciplinam o relacionamento entre as pessoas. Como todos os cidadãos são livres, se cada um fizer o que lhe apetece sem se preocupar com o outro, gera-se o caos, ninguém se entende e todos acabam prejudicados.
Não à mutilação genital feminina
Não tenho muitas memórias do dia 25 de Abril de 1974. Tinha eu na altura 10 anos e muito poucas preocupações políticas ou outras, pois vivia num ambiente privilegiado, protegida das desigualdades e injustiças que atingiam os moçambicanos na sua própria terra. Lembro-me, no entanto, de uma certa euforia em casa e de entrada e saída de muitos adultos sempre em reuniões com o meu pai. Deve ter sido nessa altura que pela primeira vez vi uma mulher política, cuja imagem até hoje me seduz pelo poder que imanava: Joana Simeão. Acabou presa e executada pela FRELIMO.
A arte de se doar
As sociedades, sejam ricas ou pobres, em desenvolvimento ou desenvolvidas, todas elas precisam da solidariedade dos seus membros. O acesso ilimitado à informação sobre o que se passa em qualquer parte do mundo deixa-nos saber como as associações de diversas naturezas estão tão presentes em locais de extrema pobreza, de conflitos armados e de catástrofes naturais, contribuindo com o seu saber, organização e compaixão para atenuar o sofrimento das populações.
Não é só uma nódoa, Senhor Presidente!
Ainda nem conseguimos perceber a razão última que levou à morte de uma mulher pelo seu companheiro e já somos novamente assombrados por uma outra morte de mulher, igualmente causada, tudo indica, por um homem com quem ela vivia ou viveu. E nos últimos tempos tem sido assim. Violência atrás de violência contra as mulheres, em muitos casos, seguida do suicídio do autor do homicídio. Uma tragédia que aumenta de dimensão sempre que para trás ficam crianças.
O conforto das memórias, no Dia do Pai.
1.Há pessoas que têm uma memória fantástica, que se lembram de tudo e mais alguma coisa e é um prazer conversar com elas, porque dão cor e som ao passado, fazendo-nos viver o que não conhecemos ou o que já se esvaziou por entre outros momentos. Recordar o que de bom se passou faz-nos bem.
O março das nossas vidas
1. «Não tinha tempo para viver como as minhas colegas. Quando as aulas terminavam tinha de correr para casa para fazer a janta para os meus irmãos. Os nossos pais tinham emigrado e eu tinha de cuidar dos mais novos. Acabei o curso muito mais tarde, porque tinha a responsabilidade pelos meus irmãos». «Primeiro, a minha tarefa começou por ser limpar a casa de banho. Depois, também fiquei responsável por limpar a cozinha. Quando todos terminavam de almoçar, eu tinha de lavar a loiça e arrumar tudo. Quando a minha irmã mais velha foi estudar, fiquei eu com as tarefas dela. Pouco a pouco, as tarefas domésticas iam aumentando, até ficar responsável pela janta do meu pai. Tinha dois irmãos machos, mas a eles não lhes eram dadas estas tarefas». «Eu era melhor aluna, mas os meus pais não podiam suportar os custos escolares dos dois e por isso decidiram que o meu irmão é que devia ir estudar. Sei que seria uma grande médica, mas a vida não permitiu. Agora tenho a minha família e não penso mais nisso. Trabalho para que todos os meus filhos possam estudar».
Tocou o sino para o recreio!
1. Dentro de dias toma posse o novo conselho de administração da RTC- Rádio Televisão de Cabo Verde. Um novo conselho é uma renovação da esperança de que a RTC possa projetar-se para frente em termos do serviço público que deve prestar e do produto que temos direito a ter numa democracia tão bem classificada como a nossa.
O Amor tudo suporta (1 Coríntios 13:4-7)
1. Penso que quase toda gente já terá vivido uma situação em que é tão doloroso aceitar uma coisa, que a rejeitamos mesmo contra todas as evidências da sua verdade.
Respeitamos os Direitos Humanos das Mulheres mas …
Na 2ª Edição Fórum Nacional de Igualdade de Género, no momento de debate sobre o tema «Acesso a justiça- Ganhos, desafios futuros – VBG», o Procurador da República, António Andrade, referiu que na Comarca da Praia , na secção de VBG o MP tem dois procuradores homens porque é muito difícil encontrar um magistrado (seja homem ou mulher) que queira trabalhar nesta secção.
A propósito da manifestação dos professores
Desde ontem que tenho visto a colocação de barreiras condicionando a circulação à volta do quarteirão onde se encontra o Palácio da Assembleia Nacional. Hoje ouvi, no jornal da manhã, que os professores querem manifestar-se para mostrar aos deputados nacionais que são muitos e que estão unidos nas reivindicações que apresentam.
Eu também tenho um sonho
Estava eu a ler o discurso de Martin Luther King, Jr, «I have a dream», proferido a 28 de Agosto de 1963 (4 dias depois de eu nascer!), quando o escritório se encheu com o som de uma gargalhada maravilhosa que dá o toque de vida e felicidade neste escritório há já uns bons anos.
Uma questão de atitude
O fim de semana prologado no município da Praia foi de muitos eventos e animação. O tradicional festival da Gamboa encheu a cidade de muitos sons musicais durante dois dias e, segundo os que lá estiveram, valeu a pena.
O dia de todas as emoções
Começa o mês de março e por toda parte surge o tema da mulher. Mulher em todas as suas dimensões, discriminações, sucessos, números. Um verdadeiro check up feminino. Há uns anos para cá, bastava aproximar-se este mês e eu começava a ficar nervosa , até mesmo irritada, considerando uma farsa essa preocupação pontual sobre a mulher.
Dress Code
A vivência em comunidade obriga-nos a conformar a nossa forma de ser e estar aos usos e costumes da sociedade onde vivemos ou visitamos. Desde muito cedo, as crianças são ensinadas como se vestir para ir à missa dominical, à escola ou a uma festa.
Doidos pela rádio
Este seria um bom nome para um programa de rádio porque há, mesmo, muita gente que não vive sem a rádio, esteja onde estiver. Eu sou uma dessas pessoas. Tenho um rádio desses pequenos, que funciona a pilhas ou com bateria recarregável e que já tem mais de 10 anos.
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