José Alves Fernandes exige a reposição do dinheiro.
“Foi com surpresa e indignação que os accionistas da Águas de Santiago tomaram conhecimento de graves actos praticados por dois administradores demissionários da empresa (...) Informamos que às primeiras horas desta segunda-feira, 04 de Junho, deu entrada no Ministério Público, em Assomada, uma participação criminal contra os administradores demissionários exigindo a reposição da quantia ilegalmente subtraída aos cofres da empresa”, sublinha.
Segundo o também presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina de Santiago, os accionistas consideram ilegítima a decisão saída da reunião do conselho de administração da AdS, de 22 de Maio, que determina o pagamento das indemnizações. O presidente da assembleia-geral da Águas de Santiago afirma que a decisão caberia apenas aos accionistas.
“É aos accionistas e não ao demitido Conselho de Administração, que decidiu em causa própria, que compete determinar se há, ou não, substância para o pagamento de indemnizações, pelo que a transferência, para além de ilegal, é eticamente censurável e moralmente inaceitável”, garante.
Contactados pela Rádio Morabeza, os visados negam qualquer ilegalidade.
Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, numa nota enviada à Rádio Morabeza, esclarecem que “a operação de liquidação do valor das indemnizações é legal e regular e que tudo foi devidamente preparado, com base em instrumentos legais”. Ambos afirmam que têm toda a documentação comprovativa dos actos praticados e garantem estar de consciência tranquila, no que se refere ao valor das indemnizações recebidas, por estar conforme à lei vigente - citando o Decreto-Lei 6/2010.
"Não se entende, deste modo, o comportamento de Beto Alves [José Alves Fernandes]. Julga que tem poderes para anular a acta da assembleia da geral e poderes legalmente instituídos?", questionam.
Empossada em 2016, a agora exonerada administração da AdS foi visada por um relatório da Inspecção Geral de Finanças, datado de Novembro do ano passado, que apontava para falhas na gestão da empresa intermunicipal, alegadamente lesivas dos interesses da AdS.
A exoneração terá sido comunicada na Assembleia-Geral de 7 de Maio, conforme consta da acta do encontro, que é omissa em relação ao pagamento de compensação financeira aos administradores demitidos. A 22 de Maio, o conselho de administração, já demitido, mas ainda em funções até à tomada de posse dos novos responsáveis, decidiu pelo pagamento de indemnizações a dois dos seus membros - de acordo com Vital Tavares e Floresvindo Barbosa, José António Pinto Monteiro não foi indemnizado por estar na iminência de se reformar.
Ora, como vimos, é precisamente este o ponto de partida para a queixa apresentada pelo presidente da assembleia-geral, que considera que o conselho de administração ultrapassou as suas competências e decidiu em causa própria uma matéria que compete aos accionistas.
Nova administração
O novo conselho de administração da Águas de Santiago entrou em funções esta segunda-feira.
Olívio Ribeiro é o novo homem forte da empresa que gere a distribuição de água na ilha de Santiago. Ricardo Godinho e Nilton Correia são os novos administradores executivos.