A informação foi avançada hoje pela bióloga marinha da Biosfera I, Patrícia Rocha, no espaço de opinião do Primeiro Plano, programa informativo matinal, da Rádio Morabeza. A especialista explica que o cenário acontece em todas as ilhas, numa situação normal de flutuação.
“À conversa com os nossos colegas das outras ONGs – da Boavista, São Nicolau, Sal, nós estamos a ter esse boom de nidificação. Isso acontece esporadicamente, e é normal, porque as tartarugas normalmente vêm fazer a postura e costumam descansar três anos para depois voltar a carga e fazer mais desovas. É uma flutuação normal. Não é nada que tenha acontecido ou que tenha aumentado a população de tartarugas, daí elas terem decidido vir colocar os ovos”, explica.
Patrícia Rocha realça que, neste momento, só em Santa Luzia já foram registados mais 300 ninhos e a estimativa é que atinja entre dois a três mil ao longo do período de desova.A bióloga lembra, por outro lado, que Boa Vista é a ilha com maior actividade de nidificação.
“O ano mais alto foi o de 2012, tivemos cerca de dois a três mil actividades de nidificação [ninhos e rastos], e este ano prevê-se que seja por volta desses dois/três mil actividades de nidificação para Santa Luzia. Sem pensarmos que a Boavista é a ilha que recebe muito mais nidificação dessa espécie careta careta. Portanto eles podem chegar até 10 mil actividades de nidificação”, aponta.
Aumenta a nidificação, mas a apanha de ovos e de tartarugas continua a ser um problema, apesar da existência de uma lei que a criminaliza. Patrícia Rocha explica que as denúncias têm aumentado, nomeadamente em São Vicente.
“Neste momento em São Vicente nós estamos a ter um problema. Muita gente tem ligado a Biosfera a dizer que estão a apanhar ovos e tartarugas adultas nas praias. Nós apelamos a toda a população para que liguem a polícia quando virem um acto negativo às tartarugas”, apela.
A lei que criminaliza o consumo de carne, ovos ou quaisquer restos ou parcelas de tartaruga entrou em vigor em Maio deste ano.
A nova lei tipifica outros tipos de crime contra as diferentes espécies de tartarugas marinhas, nomeadamente a captura, a detenção ou o abate intencional, além da aquisição, comercialização, transporte ou desembarque, exportação e consumo.