Ambientalistas e desportistas alertam para riscos de eventuais construções em Saragarça

PorFretson Rocha, Rádio Morabeza,20 ago 2018 15:43

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Saragarça
Saragarça(Skibosurf Club Mindelo)

A bióloga marinha Patrícia Rocha alerta para possíveis impactos ambientais que a construção de infra-estruturas na praia de Saragarça, em São Vicente, pode trazer para a biodiversidade na paisagem virgem. Os praticantes de desportos náuticos também estão preocupados.

A preocupação da responsável da Biosfera surge na sequência do anúncio feito pelo Governo, de que a praia deve ser o local escolhido para receber várias obras no âmbito do projecto da Zona Especial de Economia Marítima (ZEEM).

Num post publicado na sua página de Facebook, no dia 15 de Agosto, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva confirmou que Saragarça é a localidade que vai albergar a logística do terminal de contentores, reparação e construção naval e restantes estruturas de apoio à economia marítima. Saragarça deverá ser o local da construção de um dos dois portos de águas profundas que o Governo ambiciona construir.

Patrícia Rocha esclarece que sem os estudos de impacto ambiental não pode assumir uma posição contra ou a favor, mas pede que se tenham atenção os efeitos que o projecto pode acarretar.

“Não vou afirmar, enquanto Biosfera, que sou contra ou a favor a obra, sem ver o resumo não técnico do impacto ambiental das construções a serem edificadas. Contudo, o apelo que deixamos à equipa do projecto é que se atentem os impactos ambientais nefastos que poderão advir por fazer tal projecto numa zona que ainda é virgem, como é o caso de Saragarça. A zona de Saragarça é como que um laboratório natural para estudos e possíveis descobertas de novas espécies”, explica a bióloga, ouvida no espaço de opinião do Primeiro Plano, programa informativo matinal, da Rádio Morabeza.

Saragarça é também um importante ponto de pesca para as comunidades piscatórias e uma zona de desportos náuticos.

“Desviar esses pescadores para outras zonas só irá aumentar a pressão da pesca exercida, nomeadamente, na reserva de Santa Luzia ou em outras áreas que são ambientalmente significativas”, afirma.

Patrícia Rocha diz que as construções na orla marítima têm sido feitas, aparentemente, sem planeamento. A ambientalista sugere que novas construções sejam feitas na parte norte de São Vicente, ao invés de alterar paisagens virgens e ecossistemas frágeis, a sul.

“O projecto não faz sentido” em Saragarça

A associação Skibosurf Club Mindelo é mais categórica e manifesta-se contra a possibilidade de construção de infra-estruturas na localidade de Saragarça. À Rádio Morabeza, Jason Mascarenhas, um dos fundadores da organização que há duas décadas desenvolve actividades náuticas naquela zona, afirma que a notícia caiu como um 'balde de água fria' no seio dos desportistas. O projecto, diz, não faz sentido.

“Sou contra e não faz sentido perder dinheiro e tempo para fazer estudos que vão provar que não tem condições para fazer um porto de águas profundas”, entende.

“Foi um balde de água fria porque vai simplesmente ter um grande impacto negativo em toda aquela zona. Além dos desportos náuticos, podem-se fazer actividades como a pesca desportiva, pesca submarina”, exemplifica.

Jason Mascarenhas recorda que aquela costa é a melhor para a prática de desportos náuticos.

“É de questionar a posição dos técnicos em fazer um porto de águas profundas naquela zona de baixa profundidade, há imensas correntes, porque vai ficar entre as ilhas de São Vicente e Santa Luzia. Não queremos estar contra o desenvolvimento, mas para nós a melhor localização para a construção de um porto de águas profundas cá em São Vicente, se não for aqui na baía do Porto Grande, do lado do Lazareto, a melhor solução seria do lado de Flamengo, onde as águas são mais profundas”, sugere.

Jason Mascarenhas explica que os desportos náuticos já estão a ser prejudicados por vários projectos, nomeadamente em Salamansa, em São Pedro e na Laginha. O desportista lembra que os turistas procuram Cabo Verde também pelas condições naturais para a prática de actividades desportivas ligadas ao mar.

Neste momento, a organização está a preparar um documento para chamar a atenção das autoridades responsáveis.

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Autoria:Fretson Rocha, Rádio Morabeza,20 ago 2018 15:43

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  17 mai 2019 23:23

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