Patrões e trabalhadores antecipam ano político

​O Primeiro-Ministro, com o fato de presidente do MpD, anunciou sábado, em São Vicente, algumas das prioridades para o próximo ano político. E as prioridades de patrões e trabalhadores, quais são? O Expresso das Ilhas e a Rádio Morabeza foram à procura de respostas.

Para o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento, Jorge Spencer Lima, as prioridades devem estar centradas na melhoria do ambiente de negócios e competitividade. O elevado custo dos factores produtivos, o acesso ao crédito e a falta de protecção aos investidores são entraves ao crescimento.

Sobre o financiamento, e depois das medidas tomadas para melhorar o quadro existente, recorda Spencer Lima: “ainda estamos a encontrar muitos empecilhos”, exemplifica.

Os impostos, também eles, estão no topo da agenda. “Pagamos muito ao fisco”, lamenta o representante dos empresários do Sul do país.

A par das dores de cabeça do fisco, as enxaquecas causadas pelos transportes.

“O problema dos transportes aéreos e marítimos inter-ilhas, que está longe de estar resolvido. Os problemas agravaram-se e nós registamos neste momento enormes constrangimentos a nível da circulação de pessoas e bens no país. Neste momento, há um retrocesso no sector. O Governo prometeu várias medidas que ainda não estão a surtir efeito”, lamenta.

Turismo

O sector turístico é decisivo na economia nacional. O presidente da Câmara de Turismo, Gualberto do Rosário, espera o reforço da oferta, diversificação, promoção e segurança turísticas.

“Nós contamos que com este novo ano político se acelerem os processos relativos à diversificação da oferta turística”, antecipa.

“Continuamos a ter um turismo de sol, praia e mar e este cenário precisa ser melhorado. Não temos um país com sustentabilidade turística, com alta sustentação do processo turístico, com garantias de resiliência, designadamente aos choques que possam vir do exterior, se efectivamente não diversificarmos os mercados e a oferta turística. Para além disso, há sempre a questão da promoção e da qualidade da oferta, que é um elemento essencial”, acrescenta.

Agricultura e Indústria

A julgar pelo discurso político, a agricultura e a indústria são outras áreas essenciais para a economia nacional. A Associação Agro-industrial de Santo Antão não tem dúvidas de que são necessários investimentos na agricultura e transformação agro-alimentar. O presidente associativo, António Carente Pires, vai mais longe. Ao olhar para a erupção vulcânica de 2014, para as chuvas torrenciais, de 2016, e para a seca, de 2017-18 sugere que o Orçamento de Estado para o próximo ano contemple um fundo de emergência.

“Entendemos que é uma necessidade urgente ter um fundo em Cabo Verde para que, quando surgem calamidades, o Governo tenha uma solução rápida. As últimas chuvas de 2016 fizeram muitos estragos em Santo Antão, no tocante à agricultura, e esses estragos, até hoje, não foram resolvidos na sua totalidade, por ausência de um fundo dessa natureza”, observa.

De Santiago, Felisberto Veiga, líder da Associação Comercial, Agrícola e Industrial da ilha foca-se na necessidade de combater as assimetrias regionais.

“A política deve trabalhar as questões que têm a ver com a diferenciação das ilhas e das regiões, dar prioridade a tudo quanto são desequilíbrios que possam ser perfeitamente equilibradas com políticas públicas. Estava exactamente a pensar nas ilhas periféricas, nas questões ligadas à educação, à saúde, à promoção da juventude, das mulheres”, resume.

Trabalhadores

Do lado dos trabalhadores, aumentos salariais, promoção do emprego jovem, resolução dos problemas laborais na administração pública e aumento das pensões de reforma são alguns dos temas colocados em cima da mesa.

Acredita Joaquina Almeida, secretária-geral da União Nacional dos Trabalhadores – Central Sindical, que o caminho passa por melhores salários e combate à precariedade.

“A prioridade das prioridades é a reposição do poder de compra dos trabalhadores, que já atingiu um ponto insustentável. Uma outra prioridade é a necessidade de implementação de políticas públicas com vista à inserção dos jovens no mercado de trabalho. Há também necessidade de uma política salarial específica para o sector turístico, tendo em conta a precariedade laboral praticada pelas grandes unidades hoteleiras internacionais”, sintetiza.

A redução da taxa de desemprego e o aumento do salário mínimo nacional são outras prioridades sindicais, no caso defendidas pelo presidente da Confederação Cabo-verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), José Manuel Vaz. No Orçamento de Estado para 2019, a CCSL quer ver contemplado o aumento das pensões de reforma.

“Uma outra prioridade tem a ver com a resolução definitiva dos pendentes da administração pública – as promoções, progressões, re­classificações, de todos os funcionários públicos cabo-verdianos”, preconiza.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 879 de 03 de Outubro de 2018.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Nuno Andrade Ferreira, Fretson Rocha,6 out 2018 8:36

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  7 out 2018 9:30

pub.

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.