Se "continuar a crescer ao ritmo actual", sob o efeito da emissão de gases com efeito de estufa, o aquecimento global deverá ultrapassar esta barreira entre 2030 e 2052, alertou o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
O documento apresentado em Incheon, na Coreia do Sul, explora alternativas para limitar o aquecimento a 1,5ºC em vez de 2ºC, meta estabelecida no Acordo Climático de Paris.
Para os especialistas, os efeitos para o planeta serão "muito menos catastróficos" se a barreira mais ambiciosa for alcançada.
Limitar o aquecimento a 1,5ºC pode impedir, por exemplo, a extinção de espécies e a destruição total do coral, fundamental para o ecossistema marinho. Pode ainda reduzir a subida do mar em 10 centímetros até 2100 e salvar áreas costeiras.
Por outro lado, exceder esse limite irá provocar chuvas torrenciais ou secas profundas, o que terá um impacto negativo na produção de alimentos, especialmente em áreas sensíveis como o Mediterrâneo ou América Latina.
Também irá afectar a saúde, o abastecimento de água e o crescimento económico, com um impacto especialmente negativo nas populações mais pobres e vulneráveis do planeta, referiu o texto, que tem seis mil referências científicas e é assinado por 91 especialistas de 40 países.
Para que a meta seja alcançada, é urgente um consumo de energia mais eficiente, uma agricultura mais sustentável e menos extensiva, ou mais terras para o cultivo de recursos energéticos.
O relatório, dirigido aos países da Convenção-quadro da ONU sobre alterações climáticas, será usado como base para as discussões da 24.ª cimeira do clima, em Katowice, na Polónia, em Dezembro próximo.
O documento foi encomendado pela ONU após o Acordo Climático de Paris de 2015, no qual os signatários se comprometeram a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC e limitá-lo a 1,5ºC em relação aos valores registados no século XIX.