“O nosso enfoque, seguramente, nestes três anos iniciais, será não só nas pessoas, mas também no ambiente, com vista a debelarmos os problemas da luta contra a fome e, também, enfrentar os desafios das alterações climáticas”, precisou António Querido, em entrevista à Inforpress.
A partir do dia 27 deste mês, António Querido assume os destinos da FAO na capital ugandesa, mas antes vai estar durante duas semanas na sede da organização, em Roma, Itália, para o primeiro briefing com o director geral e directores dos diversos departamentos.
Entretanto, espera estar em Kampala a 12 de Novembro para receber conhecer os seus colaboradores, antes de ser recebido pelas autoridades ugandesas.
Em seguida, terá um conjunto de briefings regionais, quer em Adis Abeba (Etiópia), quer em Acra (Gana), o que lhe permitirá melhor enquadrar-se nas suas novas funções e, também, “articular e conhecer as pessoas”, com vista à promoção de programas no quadro da cooperação entre o Uganda e a FAO.
“Como se sabe, a nível da FAO, de cinco em cinco anos assinamos um acordo de cooperação e é neste quadro que vamos implementar e executar os projectos”, afirmou António Querido.
O escritório da FAO no Uganda reveste-se de “grande importância”, tendo em conta o que o país representa em termos de agricultura na região onde se encontra inserido.
“É um país muito importante para os esforços da FAO na luta contra a fome e erradicação da pobreza”, justificou o novo representante da organização.
António Querido não é um desconhecido do Sistema das Nações Unidas. Em Cabo Verde, trabalhou durante sete anos na ONU.
No início deste ano recebeu um convite interno para apresentar a sua candidatura à representação da FAO, o que aconteceu. Foi entrevistado internamente por um painel de representantes regionais (da FAO) e, tendo ultrapassado essa fase, foi submetido a uma avaliação externa por uma empresa do Canadá, com um conjunto de testes e entrevistas para avaliação do perfil e competências.
“Feito este percurso de vários meses, fui seleccionado. Primeiro o meu nome foi indicado para Angola e, depois, surgiu uma oportunidade ainda melhor em termos comparativos e a FAO optou em propor o meu nome para ser seu representante no Uganda”, declarou.
Daqui a três anos, tempo da duração do seu mandato, António Querido espera ter contribuído para que o Uganda avance na luta contra a fome, a erradicação da pobreza e desenvolvimento sustentável.
“Sou um quadro que fez todo o seu percurso profissional nas instituições cabo-verdianas e, portanto, devo toda esta progressão ao meu país e aos meus colegas”, concluiu Querido.
António Querido, natural da ilha do Maio, é licenciado em Ciências Agronómicas pela Universidade de Califórnia-Davis (Estados Unidos de América). É mestre em Análise e Seguimento de Sistemas Ambientais. Mais tarde concluiu o doutoramento em Plantas Tropicais e em Ciência dos Solos na Universidade do Hawai (EUA).
Durante muitos anos, a sua investigação científica incidiu sobre a conservação de solos e água e avaliação do impacto da erosão na produtividade agrícola.
Tem feito carreira académica nos programas de mestrado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).
Ao longo da carreira, já assumiu funções de destaque na gestão de instituições como o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário (INIDA), presidente do Conselho Executivo do Departamento de Ciência e Tecnologia da Uni-CV, além de chefe do Ambiente, da energia e da Unidade de Prevenção de Desastres no Escritório Comum do PNUD, Unicef e UNFPA (Fundo das Nações Unidas para Actividades Populacionais).