Maria Fortes, uma das voluntárias do movimento, refere, em entrevista á última edição do Panorama 3.0 da Rádio Morabeza, que os cães estão a pagar com a sua vida pela negligência humana.
“Neste momento, o cão paga com a sua vida a negligência humana. Nenhum dono é multado porque colocou o seu cão na rua. O dono é multado quando quer levantar da lixeira para que o animal não seja executado. As pessoas não param de colocar os animais na rua, por isso que tem de haver uma acção integrada, onde as pessoas não devem abandonar os animais”, defende.
A responsável lembra que os munícipes não pedem para matar os animais, mas sim a sua diminuição, e que os milhares de cães vadios que existem na capital resultam da inexistência de uma campanha de castração e da própria acção das pessoas que os abandonam. Por isso, entende que a Câmara Municipal tem que se associar à sociedade civil e implementar a esterilização massiva, criando uma unidade de castração autónoma e contínua.
“E fundamental ter uma unidade de castração contínua, a um preço justo, ou mesmo grátis, ao mesmo tempo que se têm que tomar todas as outras medidas, porque não se pode agir apenas numa única vertente”, diz.
O Movimento Civil Comunidade Responsável de Cabo Verde defende que a criação de um canil não resolve a situação, tendo em conta o espaço necessário para os milhares de cães na cidade da Praia e os elevados custos que tal acarretaria, com alimentação e assistência veterinária. Neste sentido, defende que a acção deve ser integrada, até porque, diz, Cabo Verde não se depara com problemas de saúde pública graves devido aos cães vadios.
“As delegacias de saúde não têm um único caso registado de leishmaniose, raiva ou outras doenças graves que vêm dos cães”, realça.
A problemática dos cães vadios na cidade da Praia, cujo combate inclui a electrocussão, levou já o Movimento Civil Comunidade Responsável de Cabo Verde a apelar à intervenção do Presidente da República.
O assunto foi inclusive notícia em diversos órgãos de comunicação social internacionais. A Provedora Municipal dos Animais de Lisboa, Portugal, disponibilizou-se para ajudar a Câmara Municipal da Praia a encontrar “soluções mais éticas”, à luz do conhecimento actual para o controlo da população canina.