Os Estados Membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) são signatários da Estratégia Global do Sector de Saúde para a Hepatite Viral, que exige a eliminação da doença até 2030 (definida como uma redução de 90% nos novos casos e de 65% nas mortes). A OMS desenvolveu um quadro de pontuação para África que irá examinar, pela primeira vez na história, a prevalência e as respostas regionais à hepatite.
"Esta análise é a primeira a acompanhar cada país da região e a avaliar o progresso em direcção ao objectivo de salvar a vida de mais de dois milhões de africanos que podem desenvolver hepatite B ou C progressiva na próxima década, se os países não aumentarem seus esforços", diz Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África, citada em comunicado da organização.
A transmissão vertical e perinatal são os caminhos mais prevalentes para a disseminação da hepatite B em África. Como o quadro de pontuação indica, Cabo Verde é um dos 11 países da região subsaariana que instituíram um protocolo de dose de nascimento endossado pela OMS que tem como objectivo quebrar a cadeia de transmissão.
Em Cabo Verde, todas as mulheres grávidas são encorajadas a realizarem o teste da hepatite B e a vacinarem os seus bebés à nascença, uma prática instituída desde 2002.
Em 2010, o Ministério da Saúde de Cabo Verde introduziu o programa de vacinação pentavalente de rotina, que oferece protecção contra cinco ameaças comuns à infância, incluindo a hepatite B. A vacina é administrada em três doses: dois meses, quatro meses e seis meses. Até à data, todos os países da região seguem este protocolo rotineiro de vacinação infantil.
De acordo com dados do Ministério da Saúde cabo-verdiano, a cobertura vacinal à nascença no país é de cerca de 99%, e a cobertura da vacina pentavalente tem sido de mais de 90% na última década, atingindo 97,3% em 2018.
A vacinação é realizada nas maternidades, onde 98,7% das mulheres cabo-verdianas optam por dar à luz. Apenas quatro recém-nascidos no país em 2018 esperaram mais de 24 horas para receber a vacinação.
Segundo Carolina Leite, Responsável pela Prevenção e Controlo de Doenças da OMS em Cabo Verde, o Governo mobiliza recursos financeiros para manter o programa de vacinação e comprometeu-se a eliminar a hepatite B. "O Governo de Cabo Verde financia todas as vacinas. A OMS sente-se encorajada por este compromisso e pela firme vontade política de apoiar a vacinação e acabar com o flagelo da hepatite B", afirma.
Na mensagem da Directora da OMS para a Região Africana, Matshidiso Moeti, sobre o Dia Mundial da Hepatite 2019, que se assinala a 28 deste mês, a responsável reforça que o financiamento do diagnóstico e do tratamento como componente da Cobertura Universal de Saúde é um investimento eficaz.
“Hoje convido aos Estados-membros a se investirem na abordagem de saúde pública para a erradicação da hepatite B e C em África. Os países devem investir na vacinação contra a Hepatite B para todos os recém-nascidos e integrar as intervenções como parte do reforço dos sistemas de saúde. Isto inclui basear-se nas capacidades actuais dos laboratórios para o VIH e TB, incorporando a vigilância contra a hepatite no sistema nacional de informação sanitária, e garantir o fornecimento de medicamentos e meios de diagnóstico comportáveis”, diz, citada no comunicado da OMS alusivo à data.
“Convido aos parceiros e empresas farmacêuticas a reduzirem os custos dos meios de diagnóstico e de tratamento da hepatite B e C. Em colaboração com a comunidade de investigadores, podemos explorar coletivamente as formas de simplificar o diagnóstico e tratamento, e ainda promover a inovação para curar hepatite B e vacina para a hepatite C”, sublinha Matshidiso Moeti.