A informação foi avançada, quarta–feira, em São Vicente, pelo biólogo Albert Taxonera, representante da instituição, durante a apresentação dos resultados da campanha de conservação de tartarugas marinhas em São Vicente, em 2018.
“Há 10 anos que a Queen Mary University of London está a recolhendo amostras genéticas das tartarugas em todas as ilhas de Cabo Verde. A nossa intenção é saber se cabo verde tem uma única população a nível genético ou um conjunto de diferentes unidades de mini populações de tartarugas”, afirma.
O biólogo, que é também um dos fundadores do Projecto Biodiversidade (do Sal), explica que os dados provisórios apontam para uma importante diversidade genética nas diferentes comunidades de tartarugas existentes nas ilhas.
“Isso não significa que as tartarugas de Santo Antão são diferentes daquelas do Maio, são idênticas, mas geneticamente elas têm algumas diferenças. Isso é muito importante a nível evolutivo, porque se todas as tartarugas são iguais e se se reproduzem entre si e não há uma diversidade genética, isso pode levar a problemas futuros, mal formações, problemas cromossómicos, entre outros”, aponta.
“E também é uma coisa que dificulta a evolução e adaptação das tartarugas marinhas, mas como temos diferentes grupinhos, diferentes diversidades genéticas, as tartarugas têm uma possibilidade maior de se adaptar e modificar durante o percurso da sua vida”, conclui.
Outro ponto em investigação tem a ver com a proporção de machos e fêmeas na população de tartarugas. O objectivo é perceber a adaptação das tartarugas às mudanças climáticas
“Estamos a trabalhar na pesquisa do sexo das tartarugas. Podem as fêmeas manipular o sex ratio, através de diferente inversão hormonal nos ovos? Saber se a fêmea pode se adaptar às mudanças climáticas”, explica.
A preocupação dos especialistas prende-se com o aumento das temperaturas, uma vez que temperaturas acima dos 33 graus impedem a eclosão dos ovos.
Cabo Verde regista a segunda maior reserva da população nidificante da tartaruga-marinha-comum (Caretta caretta) e a terceira maior população mundial desta espécie, segundo Albert Taxonera.
Sobre os resultados da campanha de conservação das tartarugas marinhas em São Vicente, em 2018, de acordo com os dados apresentados no INDP, foram registados 3.187 rastos de tartarugas e um total de 1.320 ninhos, durante a campanha conservação de tartarugas.
O Instituto Nacional de Desenvolvimento das Pescas (INDP) conta com a parceria da Associação Ponta d´Pom na campanha de conservação das tartarugas marinhas em São Vicente.
A edição 2019 deve arrancar hoje, 1 de Agosto, nas das praias da ilha do Monte Cara.