A Future for the World’s Children? (Um Futuro para Crianças do Mundo?), que vai ser lançado hoje, é um estudo sobre saúde e bem-estar infantil e foi realizado por uma comissão independente da Organização Mundial de Saúde (OMS), UNICEF e Lancet, uma publicação médica de referência.
Trata-se do primeiro relatório a reposicionar todos os aspectos da saúde infantil, face às rápidas mudanças climáticas e outras ameaças actuais. O documento vem detalhar riscos críticos e emergentes para a saúde infantil, novas soluções propostas e pede ações urgentes para alcançar resultados mensuráveis.
“A saúde e os direitos de todas as crianças e adolescentes estão ameaçados. Alguns dos danos mais prementes incluem a rápida mudança do clima, marketing comercial em massa de produtos nocivos como açúcar, fast food, tabaco e álcool e crescentes desigualdades”, escreve a OMS na apresentação das principais mensagens do relatório.
De acordo com as Organizações envolvidas, o relatório é resultado de mais de dois anos de trabalho, de 40 especialistas em saúde infantil de todo o mundo, liderados por Helen Clark, ex-Primeira Ministra da Nova Zelândia, e Awa Coll-Seck, Ministra de Estado do Senegal.
"Apesar das melhorias na saúde da criança e do adolescente nos últimos 20 anos, o progresso parou e deve reverter", disse Helen Clark, co-presidente da Comissão.
Cabo Verde em 109/180
O relatório inclui um novo índice global de 180 países, comparando o desempenho no desenvolvimento da criança, incluindo medidas de sobrevivência e bem-estar infantil, tais como saúde, educação e nutrição; sustentabilidade, com um indicador de emissões de gases de efeito estufa, e equidade, ou diferenças de rendimento.
Cabo Verde aparece na 109ª posição no que toca ao índice global de “Desenvolvimento infantil”, mas melhor posicionado no que se refere à sustentabilidade onde aparece em 59º, longe dos piores emissores de gases de efeito estufa.
No ranking de “Desenvolvimento infantil” foram avaliados o Desenvolvimento (onde Cabo Verde soma apenas 0.58 em 1.00), a sobrevivência (0.65/1.00) e a prosperidade (0.53/1.00).
Dentro dessas categorias estão indicadores como saúde, educação e nutrição. Cabo Verde é assim, o terceiro país lusófono da lista, sendo que Portugal figura na posição 22.ª, seguido do Brasil em 90º. São Tomé e Príncipe fica em 125, Timor-Leste aparece na posição 135, Angola em 161º, Guiné-Bissau em 166º e Moçambique na posição 170.
A publicação mostra que menores de idade na Noruega, na Coreia do Sul e na Holanda têm maior chance de sobrevivência e bem-estar. Nos piores cenários entre os 180 Estados analisados estão a República Centro-Africana, Chade, Somália, Níger e Mali.
Já no que toca ao índice de sustentabilidade, este revela que cada pessoa dos países mais desenvolvidos emite mais dióxido de carbono, CO2, do que o objectivo nacional definido para 2030. Aqui a lista inverte-se.
Entre os países lusófonos, Portugal está em 129º lugar no ranking de sustentabilidade, Brasil vem em 89, Angola 63, Cabo Verde 59 e São Tomé e Príncipe em 41. Timor-Leste está em 33º lugar, Moçambique em 29º e Guiné-Bissau em 16º.
Recomendações
O relatório traz também recomendações específicas. Entre as mesmas, a OMS salienta:
- 1-Parar as emissões de CO2 com a máxima urgência, para garantir que as crianças tenham um futuro neste planeta;
- 2-Colocar as crianças e adolescentes no centro dos nossos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável;
- 3-Novas políticas e investimentos em todos os sectores para trabalhar em prol da saúde e dos direitos da criança;
- 4-Incorporar as vozes das crianças nas decisões políticas;
- 5-Apertar a regulamentação nacional de marketing comercial prejudicial, apoiada por um novo Protocolo Opcional à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.