De acordo com a edição de 2020 do ranking mundial da liberdade de imprensa, divulgada no site oficial dos RSF, apesar de manter a posição de 2019, o país somou +0,34 pontuação global em relação a 2019.
O referido relatório aponta que o panorama mediático em Cabo Verde é dominado pelos veículos de comunicação estatais, cujos funcionários são nomeados directamente pelo governo, incluindo o principal canal de televisão, TCV, e a Rádio Nacional de Cabo Verde, acrescentando que ainda que o seu conteúdo não seja controlado, a prática da autocensura permanece difundida.
O documento, destaca que a RTC quer impor aos seus jornalistas um código de ética e conduta, incluindo várias cláusulas que limitam a liberdade de expressão dos jornalistas nas redes sociais.
“O desenvolvimento dos meios de comunicação privados é limitado por um mercado publicitário restrito e pela ausência de subsídios para os operadores de audiovisual. A geografia do arquipélago também dificulta a distribuição da mídia impressa e a difusão das mídias em todas as dez ilhas”, refere.
Em África, Cabo Verde está em segundo, atrás de Namíbia (23), mas, à frente de Gana (30) e África do Sul (31), enquanto a Eritreia (178) continua a ser o pior representante do continente.
Noruega (1) e Finlândia (2) ocupam, pelo segundo ano consecutivo, as primeiras posições, seguidas pelo Dinamarca (3), que subiu dois pontos, e pela Suécia (4), que caiu um ponto. Por sua vez, a Correia do Norte (180) ficou em última posição.
O estudo aponta que a pandemia COVID-19 provocou medidas restritivas relativamente à imprensa nos países muito afectados pelo vírus, citando como exemplo o Iraque (162), onde a agência de notícias Reuters teve sua licença suspensa por três meses, algumas horas após a publicação de uma notícia que questionava os números oficiais dos casos de coronavírus.
“A crise sanitária é uma oportunidade para governos autoritários implementarem a famosa ‘doutrina do choque’: tirar proveito da neutralização da vida política, do espanto do público e do enfraquecimento da mobilização para impor medidas impossíveis de adotar em tempos normais. Para que essa década decisiva não seja desastrosa, as pessoas devem se mobilizar para que os jornalistas possam exercer sua função como agentes de confiança da sociedade, o que pressupõe a garantia dos meios para fazê-lo", refere Christophe Deloire, secretário-geral dos RSF.
Os regimes autoritários seguem ocupando as últimas posições no Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa e a crise sanitária do coronavírus demonstra os efeitos negativos das práticas de censura adotadas pelo regime chinês para o mundo inteiro.
“Depois da China, a Arábia Saudita (170) e o Egito (166) são as maiores prisões do mundo para jornalistas. A Rússia (149) emprega meios cada vez mais sofisticados para controlar as informações na internet, enquanto a Índia (142) impôs à Caxemira o toque de recolher eletrônico mais longo da história. No Egito, a disseminação de “notícias falsas” justifica o bloqueio de páginas e sites, assim como a retirada de credenciais de imprensa”, lê-se.