Com um horário de emissão previsto diariamente das 07h00 às 22h00, este “será um canal de televisão infanto-juvenil, com emissões escolares, programas de entretenimento, documentários, cinema, etc.”, destaca o Director Geral de Planeamento, Orçamento e Gestão (DGPOG) do Ministério da Educação, José Manuel Marques, citando o projecto.
Assim - e como já tinha também sido especificado no Diploma que estabelece o seu licenciamento e autorização de inclusão na TDT, e que foi publicado no BO na passada terça-feira (8) -, na sua grelha, além das tele-aulas, constam programas infantis e juvenis, desporto juvenil, noticiários na óptica de uma visão jovem, concursos, sobretudo entre estabelecimentos escolares, documentários e outros programas alinhados com o currículo escolar e com forte pendor formativo na área da cidadania.
O público-alvo, acrescenta o DGPOG, vai dos 0 aos 18 anos, mas estão também contemplados, como público indirecto, “os pais, encarregados de educação, familiares de todas as faixas etárias e o público em geral em função das suas ocupações e interesses”.
Apesar da diversidade prevista de programas, pelo menos durante o decurso do período lectivo, a grelha será essencialmente preenchida com as tele-aulas, salvaguarda-se.
A ideia é que as mesmas passem a ser produzidas internamente pela própria equipa da TV Educativa, que ainda será formada, como o apoio da Rádio Educativa. Porém, pelo menos num primeiro momento, enquanto não se criam as condições necessárias, a produção será realizada à semelhança do ano passado por empresas privadas, em regime de oursourcing. Quanto tudo estiver montado, o que deve acontecer mais ou menos daqui a três meses, deverão então ocorrer as mudanças.
De acordo com o cronograma previsto no projecto, o início da produção interna das tele-aulas está previsto para Janeiro de 2021, enquanto o primeiro serviço informativo deverá ser produzido um mês antes, em Dezembro 2020.
Outros conteúdos, que não as tele-aulas ou os noticiários, entretanto, “poderão ser obtidos mediante parcerias”, seja com entidades internacionais, com TV públicas da CPLP e inclusive com os produtores nacionais.
Aliás, está já prevista a “migração” de alguns programas da TCV para esta nova Televisão Pública que agora nasce sob a chancela do Ministério da Educação.
Pelo menos dois estúdios
A nova televisão resulta de uma restruturação orgânica da Rádio e Tecnologias Educativas (RTE), por forma a complementar o trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela Rádio Educativa e reforçar o programa de ensino à distância (EaD) do Ministério da Educação.
Para sua criação e entrada em funcionamento será levado a cabo forte investimento em equipamentos “para a instalação de uma estação emissora de TV “State of the Art” com um centro de gestão e controlo de emissão e pelo menos dois estúdios para a produção de conteúdos”, lê-se no projecto a que o Expresso das ilhas teve acesso.
A prioridade e primeira fase do projecto é pois, a implementação da estrutura física necessária operacionalização do Centro de Emissão. Seguidamente os estúdios, que serão instalados no edifício da RTE, na Praia, e demais condições para operacionalizar o funcionamento. O Orçamento total indicativo ronda os 253 mil euros.
Entretanto, a referida reestruturação vai implicar não só profunda transformação tanto a nível tecnológico como também a nível dos recursos humanos, embora, no funcionamento da TV também se deva recorrer aos profissionais da Rádio Educativa.
“Em termos de recursos humanos, será necessário recrutar e formar profissionais indispensáveis à concretização do projecto, para as funções de diretor, produtor, realizador, operador de câmara, operador de som, operador de iluminação, gestor de playout, editor de imagem, designer gráfico, técnico informático, técnico administrativo, etc., num leque completo da polivalência funcional de uma verdadeira estação de televisão”, elenca o projecto.
Difusão: Santo Antão ainda de fora
No que toca à difusão, a TV Educativa estará disponível em todo o território nacional através da plataforma de Televisão Digital Terrestre (TDT) da empresa Cabo Verde Broadcast e também na internet.
Também aqui, entretanto, enquanto se acertam pormenores e para poder garantir o início da difusão a 1 de Outubro – no arranque do ano escolar - o canal TV Educativa que vai começar a funcionar recorrendo a infra-estruturas já existentes, de uma empresa privada com capacidade de broadcast.
Há porém alguns constrangimentos à desejada cobertura de todo o território Nacional. Em zonas como Santo Antão, a TDT ainda não está implementada o que irá provocar um desfasamento. Estima-se que a partir de Janeiro, essa situação já esteja regularizada. Até lá, as zonas sombra “serão cobertas apenas pela rádio, e apoio com as fichas aos alunos que moram em zonas onde realmente a rádio não chega e onde há mais dificuldades de acompanhamento”, adianta José Manuel Marques.
COVID-19 impulsionou concretização de projecto antigo
Na sequência dos desafios impostos pela COVID-19, como explica o DGPOG, o sector da educação tem apostado nos mass media para difusão dos conteúdos educativos.
Numa primeira fase, recorreu “à utilização das TIC enquanto uma da solução mediadora do processo de ensino aprendizagem, tendo privilegiado os meios de maior penetração junto das famílias, através da televisão (TCV-Green Studio), da rádio (RTE, RCV+ e Rádios Comunitárias)”. A esta difusão juntou-se a distribuição de fichas apostilas sobretudo para atender os alunos que residem em localidades sitas em zonas de sombra, como recorda.
A experiência propiciou uma segunda fase, na qual surge a TV Educativa, fruto, como referido, da Reestruturação da RTE.
Na verdade, a criação de um canal com conteúdos que complementem o sistema de ensino e de aprendizagem de uma forma geral é já um projecto antigo, de vários anos, que “ganhou força com essa experiência adquirida com a produção e difusão de tele-aulas” levadas a cabo no âmbito do plano de mitigação dos impactos da pandemia COVID-19 no sistema educativo.
Agora, com a sua efectivação, pretende-se criar a iniciativa seja permanente, dotando o “sector de meios para fazer face aos desafios futuros para levar a todos os alunos uma educação inovadora e integrada nos programas escolares potenciado as TICs,” sublinha o responsável.