O grupo, em número de mais de 30 trabalhadores do Hotel Meliã, em situação de ‘lay off’, posicionou-se, hoje, à frente da Delegação da Direcção-Geral do Trabalho (DGT), diante ao Mercado Municipal, nos Espargos, para reclamar que o hotel complete os seus salários, cumprindo a lei dos 35% acordado no âmbito da pandemia de covid-19.
Em representação do grupo, em ‘lay off’ desde Março, Justino Assunção conta em declarações à Inforpress que o descontentamento deve-se à decisão unilateral, que “favorece” a própria empresa.
“Em vez de nos atribuírem os 35 por cento de salário que a lei prevê neste contexto de pandemia, querem dar-nos 11 mil escudos, para a gente ir desenrascando até ao normal funcionamento do hotel, alegadamente por não ter dinheiro para pagar”, explicou, estranhando a desculpa, já que, conforme sustentou, o grupo Meliã é uma das maiores cadeias hoteleiras, com 366 hotéis espalhados pelo mundo.
“Não é justo, estão a agir fora da lei. Cabo Verde tem lei, por isso pedimos a intervenção do Governo, do senhor primeiro-ministro, do ministro do Turismo, da Direcção Geral do Trabalho, dos sindicatos, no sentido de se fazer valer a lei, e ajudar-nos a contornar a situação”, apelou, queixando-se também dos atrasos no pagamento das compensações, principalmente por parte do Governo.
Ricardino Rodrigues, Cacá, outro empregado também descontente com a situação, que classifica de “desrespeito e descaso” conta que a decisão foi comunicada aos trabalhadores por telefone.
“Trabalhamos no hotel desde que abriu, e na África somos considerados um dos melhores hotéis, isto porque tem também bons empregados. E é desta forma que nos tratam”, questionou, desabafando que a administração “não teve em conta” que os trabalhadores têm também família, compromissos e responsabilidades.
“Foi ontem que nos chamaram, por telefone, a dar-nos esta péssima notícia. O que vamos fazer com 11 mil escudos. Temos filhos para sustentar, renda de casa, luz e água para pagar (…). Quer dizer, a empresa valoriza os seus trabalhadores quando estão a dar o seu sangue. Nesta situação de calamidade em vez de protegidos somos afrontados. Isso que é paga”, desabafou em tom de lamento.
Cacá conclui, apelando a quem de direito a não fazer vista grossa à situação, “porque lei d’fome ka tem”.
“Pedimos a intervenção do Governo porque o que a nossa empresa, o Meliã, está a fazer connosco é uma injustiça”, exteriorizou.
Esperando, entretanto, que o problema seja resolvido, apelam mais uma vez à presença dos governantes “aqui na ilha”, para escutarem os trabalhadores em causa, para resolução da situação.
A Inforpress tentou ouvir a direcção da empresa, mas sem sucesso.