Em declarações à imprensa, a secretária executiva da CNU, Carla Palavra, explicou que o propósito da criação de uma estrutura intitulada “Labirinto do Género” é abordar a questão da desigualdade do género em Cabo Verde de uma forma global, mas também de chamar a atenção das comunidades e das autoridades sobre os impactos sociais, económicos, psicológicos da pandemia COVID-19, que poderão “de forma desproporcional” afectar as raparigas e as meninas .
“Nós sabemos que historicamente quando há momentos de crise as desigualdades tendem a ficar ainda mais agravadas. O propósito é trazer este tema para cima da mesa de uma forma inovadora e que engajasse os jovens”, explanou.
No concurso, prosseguiu, participaram jovens de todas as universidades nacionais, que se organizaram em equipas multidisciplinares. Carla Palavra especificou ainda que a estrutura de labirinto representa, simbolicamente, as desigualdades, dificuldades na vida, no mercado de trabalho e na educação.
“Eu acredito que é algo inovador porque entendemos que de uma forma experiencial as pessoas tendem a fazer aprendizagens mais profundas. Ao invés de dizermos às pessoas aquilo que nós já sabemos, que temos feito e dito de várias formas, resolvemos variar um pouco no formato. Um formato mais vivencial, mais inovador que envolvesse mais os jovens, que usassem a sua criatividade, que se organizassem, que organizassem o seu tempo, as finanças, que soubessem lidar com as diferenças que surgiram os grupos, que também não deixa de ser uma preparação para o mercado de trabalho que acaba por pedir essas competências deles”, descreveu.
Em representação da equipa vencedora, a estudante de Relações Públicas da Universidade de Cabo Verde, Jacira Gonçalves, revelou que o objectivo do projecto vencedor é mostrar o ponto de vista, tanto de homens como mulheres, através de diferentes temáticas como violência, acesso à educação, sexualidade, acesso ao mercado de trabalho e protecção cívica.
“Há dois corredores, masculino e feminino e as pessoas acabam por se encontrar no centro, onde está uma panela. A panela simboliza o centro de todos os bens e dos males. O espaço em si foi feito com que cada parte do labirinto tenha um significado. Em termos de pesquisa, usamos dados do INE e da Polícia Nacional”, expendeu.
O grupo vencedor é composto por alunos da Universidade de Cabo Verde e alunos da Universidade Jean Piaget. O labirinto vai estar, durante duas semanas, na praça Alexandre Albuquerque e depois será movido para outros municípios.
No total, participaram quatro equipas da ilha de Santiago e três de São Vicente. A equipa vencedora recebe o prémio de investigação no valor de 45 mil escudos, a equipa que ficou em segundo lugar recebe o montante para investigação num valor de 35 mil escudos e o terceiro lugar recebe um valor de investigação de 25 mil escudos.
O concurso “Labirinto do Género” foi lançado pelo Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, através da CNU e em parceria com o Ministério da Educação, o Fundo das Nações Unidas para as Populações (FNUAP), Instituto Camões – Cooperação Portuguesa, Instituto Cabo-verdiano para a Igualdade e Equidade do Género (ICIEG), Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF-UniCV) e a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde.