“O encontro foi no sentido de entregar a petição a que dei entrada no ano passado, tendo em vista a remoção de estátuas de entidades esclavagistas ou que promoveram a escravatura, neste caso Diogo Gomes, que tem uma estátua do Plateau”, avançou Gilson Varela que falava à imprensa à saída da audiência.
Conforme indicou, o documento que já dispõe de 1.861 assinaturas tem por objectivo o aprofundamento da história, averiguar o que realmente aconteceu, quem fez e fazer uma análise sobre os descobridores que também foram traficantes de escravos.
Explicou que a ideia não é apagar a história, mas sim ensinar e contar a história de Cabo Verde como aconteceu, sendo certo que parte dessa história será apagada tanto nos países colonizadores como os países que foram colonizados.
“Neste momento estamos na fase de contestação racial e de reclamação por justiça, porque a escravatura não fez só mal na altura, ceifou a vida de cerca de 8 milhões de pessoas e ainda hoje todos nós africanos sofremos com algum estigma e penso que faz todo sentido, pelo menos lançar o debate sobre descobridores que foram também esclavagista”, mencionou
Para o promotor, é necessário separar as entidades, neste caso, Diogo Gomes, dos monumentos, por exemplo em Portugal, Espanha e na Alemanha que fizeram os possíveis para retirar todos os símbolos que têm a ver com Salazar, Franco ou com Hitler.
“O objectivo principal é a remoção da estátua tendo em base que Diogo Gomes não foi só um descobridor, mas também um traficante de escravos, e nesse sentido é necessário possivelmente criar uma comissão de historiadores para investigar exatamente o que aconteceu”, frisou.