Alterações climáticas são globais mas os países mais frágeis são quem mais sofre

PorAndre Amaral,16 set 2021 12:25

O mais recente relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) aponta que o aquecimento de 1,5º C a 2º C será ultrapassado ainda nas próximas décadas se não houver forte e profunda redução nas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa.

O documento mostra que as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos são irrefutáveis, irreversíveis e vão se agravar nos próximos anos e décadas se nada for feito para mudar o quadro da crise climática e ambiental.

“As mudanças recentes no clima não têm precedentes ao longo dos últimos milénios e a estabilidade climática já não existe, sendo que cada uma das últimas cinco décadas tem sido sucessivamente mais quente do que qualquer outra década que a precedeu. Os últimos 8 anos foram os mais quentes já registados e a temperatura do Planeta já aumentou 1,07º C em relação ao período pré-industrial (1850-1900)”, aponta o documento.

Para isso muito têm contribuído os gases de estufa emitidos para a atmosfera e que, agora, a comunidade internacional procura combater.

Os países africanos, reunidos no Sal sob égide da UNECA, procuram chegar a um entendimento sobre qual deve ser o posicionamento comum a apresentar na conferência mundial sobre o clima (COP26) que este se vai realizar em Glasgow, na Escócia, no próximo mês de Novembro.

A aposta nas energias renováveis é uma das ideias que melhor tem sido acolhida nesta conferência. Rito Évora, director geral de energia de Cabo Verde, defende que esse é o caminho a percorrer mesmo que inicialmente seja preciso fazer um investimento avultado.

“Penso que os investimentos são elevados, mas o potencial existente da energia no que respeita a energias renováveis na África é enorme”, apontou, esta manhã, durante a conferência que decorre no Sal.

Este responsável entende que esta aposta nas energias renováveis do "ponto de vista económico pode ser muito mais atractivo. De facto, as energias renováveis têm a particularidade de ter um investimento inicial elevado, mas que depois é largamente compensado na fase da operação porque não implica gastos com combustíveis”.

A dificuldade, prossegue o director geral de energia, coloca-se na “mobilização dos recursos necessários” para que as energias renováveis tenham um papel central na redução do nível de emissão de gases com efeito estufa.

Mas esta passagem para uma nova forma de produção de energia implica que haja uma transição justa, isto porque, como explica Rito Évora, “as alterações climáticas têm um caráter global e afectam o mundo inteiro, mas afectam as pessoas e os países de forma diferente” que salienta ainda que os países que mais contribuíram para a situação actual não são os mais vulneráveis e que “estão a sofrer mais com esse impacto como é o caso do continente africano”.

Rito Évora aponta ainda que esta passagem para “uma nova realidade” veio mostrar que “há também necessidade urgente, para o caso africano, de medidas de adaptação que têm a ver com construção e recuperação dos ecossistemas”.

A concluir, este responsável, deixou o aviso de que mesmo que se “consiga reduzir o nível de emissões estas vão continuar a ter um impacto durante um largo período de tempo”.

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Autoria:Andre Amaral,16 set 2021 12:25

Editado porAndre Amaral  em  17 set 2021 8:08

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