Antes do advento da aeronáutica civil, as ilhas de Cabo Verde só podiam ser visitadas por mar. Este era o único caminho pelo qual eram conhecidas e investigadas.
Há pouco mais de duas semana, numa iniciativa pessoal, o reitor do M_EIA, Leão Lopes, resolveu ressuscitar esta velha tradição, e partindo do Porto de São Nicolau, no dia 3 de Outubro, fez-se ao mar com uma pequena tripulação formada por três pessoas, para um périplo pelas 10 ilhas de Cabo Verde.
Navegando com uma tripulação experiente a comando do capitão Tomás Delgado, conhecedor de todas as ilhas, seus portos e ancoradores, Leão Lopes registou em “diário de bordo” (texto, vídeo e fotografia) toda a viagem e as impressões suscitadas e experimentadas.
Conforme avançou ao Expresso das Ilhas, todo o material recolhido será posteriormente publicado em livro e poderá ainda resultar num documentário audiovisual.
Como referido, o iate Blackfish, do Museu de Pesca do Tarrafal, zarpou de São Nicolau, no dia 3 de Outubro, e deverá completar, esta quarta-feira, a viagem de “circunavegação” pelas ilhas, quando ancorar no porto de onde partiu.
A primeira escala foi Santa Luzia, seguida de Santo Antão, São Vicente, Ilha Brava, Fogo, Santiago, Maio, Boa Vista, Sal, fechando o círculo em São Nicolau.
Em São Vicente juntou-se à equipa Walter Rossa, professor universitário da Universidade de Coimbra e um apaixonado por barcos. “Quando ele soube desta viagem, candidatou-se logo e fez uma boa parte da viagem connosco. É também um velejador e aprendi muita coisa com ele”, revelou Leão Lopes.
Desembarcar em cada ilha, contou ao Expresso das Ilhas, e encontrar pessoas com quem falar sobre assuntos diversos foi uma oportunidade única.
“Tudo isto é uma forma, pelo menos para mim, de descobrir e de aprofundar aquilo que conhecemos da nossa terra”.
Para o reitor do M_EIA, este périplo que hora chega ao término, foi uma experiência única e questiona se a sua iniciativa pessoal motivará outros cabo-verdianos a seguirem os seus passos naquilo que ele chama de missão.
“As pessoas perguntam-me se se trata de um projecto estético, mas ultimamente estou a ficar mais pela ideia de missão. A missão é descobrir a minha terra de uma outra forma e reflecti-la também em seus vários aspectos”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1038 de 20 de Outubro de 2021.