José Maria Neves, que presidiu, esta segunda-feira, à abertura da IV edição da Cabo Verde Ocean Week, sublinhou que o foco deve estar na construção de um instrumento “propiciador” de um ambiente favorável à diversificação da economia marítima.
“Se orientarmos todas as nossas energias para essa causa comum, se inscrevermos a agenda da economia marítima e os desafios do crescimento azul numa plataforma de entendimentos cuja vigência ultrapassa a estreita margem das legislaturas e trabalharmos com afinco, todos na mesma direcção, chegaremos certamente a bom porto mais depressa”, defendeu.
"Esse desígnio não será cumprido enquanto não formos capazes de transformar o potencial do mar que nos rodeia em oportunidades económicas geradoras de riquezas, emprego digno e bem-estar”, acrescentou.
O chefe de Estado nota que é sempre possível aproveitar as oportunidades económicas oferecidas pelo mar, de forma sustentável, “desde que enquadradas por políticas públicas adequadas, boa legislação, instituições capazes, técnica e cientificamente, regulação e supervisão eficaz e eficiente”.
Neves recordou, no seu discurso, a vulnerabilidade e exposição de Cabo Verde aos riscos decorrentes das mudanças climáticas e da acidificação dos oceanos.
“Os elevados níveis de vulnerabilidades que afectam as nossas ilhas obrigam-nos a compaginar a nossa ambição de exploração económica dos recursos marinhos e marítimos com um elevado grau de engajamento com os esforços de protecção, conservação e uso sustentável desses recursos dos oceanos. Cabo Verde é um dos países do mundo mais vulneráveis aos riscos decorrentes das mudanças climáticas, do aquecimento global e da acidificação dos oceanos”, afirmou.
O Presidente da República considera que, não obstante a sua pequenez territorial, “Cabo Verde deve ter um papel mais activo nos espaços de concertação de políticas e de mobilização de recursos associados à implementação dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda Climática”.
Por seu lado, o ministro do Mar demissionário, Paulo Veiga, sublinhou que um oceano saudável é essencial para todos e alertou para aquilo que classifica de “momento de preocupação” e urgência com a questão dos oceanos.
“Um momento de preocupação que requer dos decisores posições de força e medidas de coragem, sempre cientes de que tudo o que possamos fazer será sempre pouco diante da urgência de mudarmos o estado das coisas" advertiu.
Também o presidente da Câmara Municipal de São Vicente apontou para o potencial inexplorado e necessidade de investimento inteligente nos oceanos.
Conforme Augusto Neves, com um planeamento estratégico e sustentável, a economia do mar poderá representar um forte aliado na recuperação económica.
“Só se pode tirar partido do mar com visão e planeamento estratégicos, que trazem proveitos assinaláveis quando combinados na medida certa. Temos, de facto, uma missão importante se quisermos dar corpo à visão de Cabo Verde como uma nação economicamente sustentável, também pela sua geografia e pela grande região marítima de que dispõe. Ao abraçar o propósito marítimo, Mindelo poderá reencontrar um rumo que o reconcilie com a sua geografia”.
A quarta edição da Cabo Verde Ocean Week recupera e reforça o apelo sobre a importância dos oceanos para a sustentabilidade do planeta. O evento acontece em formato híbrido, até 26 de Novembro, no Mindelo.