Antes da pandemia, com o aproximar do Black Friday era visível vitrines enfeitadas com cartazes de promoções que podiam chegar até aos 50%, ou mais, dependendo da loja. A dois dias da data, o Expresso das Ilhas andou pela capital e procurou saber junto dos comerciantes quais as suas expectativas, assim como dos clientes. Boa parte das lojas e comércios ainda não sabe se irá aderir, ou qual será o limite máximo das promoções e descontos. Outros ainda agora decidiram aderir e não têm nada definido.
Os que vão aderir
Na Praia Shopping, a Dalpk Gold Boutique confirmou a adesão ao Black Friday na expectativa de haver aumento das vendas, embora não tanto quanto os anos anteriores à pandemia.
“Esperamos um aumento de vendas mas, nem tanto porque a COVID-19 prejudicou muito o negócio. Não há dinheiro. Então a expectativa é baixa e contamos com dois cenários, ou seja, as vendas tanto podem ser melhor do que têm sido, como podem não ser. Até porque já não é o que costumava ser”, lamenta o gerente da loja de roupas José Manuel.
Para já, a Dalpk Gold Boutique não se vai dar ao luxo de grandes descontos de 30 ou 50%, caso contrário, a loja sai a perder, conforme afirma o gerente.
“Este ano, para o Black Friday os descontos vão oscilar entre os 10 e os 20%. Com 20% de desconto podemos até vender alguma coisa”, refere, acrescentando que, dependendo do fluxo dos clientes, poderão optar por alargar o horário de funcionamento e pagar horas extras aos funcionários.
Segundo José Manuel, no ano passado, ao contrário dos anos anteriores, a loja estava fechada devido à pandemia. Assim como acontece nos dias de promoção, o gerente espera vender mais peças de roupa, quer para homens, quer para mulheres, do que assessórios.
“Depois do Black Friday se calhar não vamos fazer nenhuma promoção, podemos até fazer descontos em alguns produtos, mas não em todos os artigos como acontece na sexta-feira”, menciona o comerciante acrescentando que desde a chegada da COVID-19, as vendas não têm sido poucas, já que muitos “ficaram sem dinheiro”.
“Quem está a lutar para ganhar um pão deve juntar e guardar. Por isso, mesmo com pouco vamos aderir ao Black Friday para agradar aos clientes”, declara.
A loja de decoração Orca também vai proporcionar aos clientes promoções do Black Friday com a expectativa do aumento de vendas. Aliás, facto que sempre acontece quando faz descontos.
“Esperamos que as vendas sejam melhores do que as do ano passado, já que fizemos o Black Friday logo depois do confinamento. Sabemos que a situação anda um pouco complicada e que as vendas podem ser menos do que costumavam ser, mas esperamos que seja melhor do que foi no ano 2020”, almeja o subgerente, Sebastião da Veiga.
Normalmente, na última sexta-feira do mês de Novembro, quando acontece o Black Friday, Sebastião da Veiga garante que a loja vende um pouco de tudo, visto que os clientes aproveitam para comprar, num preço mais baixo, os produtos que gostam.
“Os produtos de Natal sempre saem, por exemplo, os brinquedos e vários outros. Porque os clientes vêm à procura de um produto, encontram outro que interessa e compram”, ilustra.
Contudo, devido à situação actual, o subgerente reporta que a percentagem dos descontos será um pouco menor que nos anos anteriores. “No ano passado fizemos descontos de até 25% e este ano será um pouco menos porque com a pandemi, houve um aumento de tudo quanto é preço e não poderemos fazer grandes descontos”, justifica.
Mesmo assim, a loja de decorações concedeu promoções na semana anterior, no âmbito do seu sétimo aniversário. O que, conforme Sebastião da Veiga, também explica a margem dos descontos do Black Friday.
Depois do Black Friday, o subgerente diz que talvez sejam feitas promoções às vésperas do Natal, ou dias depois.
Oportunidade de divulgação
Em finais de Fevereiro surgiu em Platô o Planeta Kids, uma loja de roupas e artigos de crianças. Este ano, pela primeira vez, a loja vai aderir ao Black Friday. De acordo com a responsável, Nádia Fortes, na sexta-feira, 26, o limite máximo dos descontos é 30%, porque as vendas não estão como gostaria e espera um aumento naquele dia.
“Estamos conscientes de que esta situação é devido à pandemia e também que em Cabo Verde abrir um negócio implicamuita coragem, já que o poder de compra é quase zero. Ainda assim vamos aderir ao Black Friday porque estamos situados num lugar estratégico e se não fizermos os descontos não conseguimos vender”, diz.
Por seu turno, o estabelecimento Bafas Fast Food, criado em Dezembro de 2020, também resolveu aderir ao Black Friday. O proprietário, Amilton Maurício Gomes, propala que na sexta-feira, os descontos poderão atingir os 50%.
“Vamos ter muitos combos, menus e promoções que incluem desde o menu do dia até à última linha de fast food que temos que são os hambúrgueres e bafios, além das entregas que serão gratuitas”, anuncia.
Amilton Maurício Gomes manifesta que vê que na Black Friday uma oportunidade de divulgar o estabelecimento e os seus produtos. No caso de uma grande adesão do público, prossegue, no próximo ano voltará a aderir ao Black Friday, “com mais força”.
“A expectativa é ganhar experiência com um grande número de pedidos, mas também conhecer o que as pessoas querem comer, o que sugerem como novo produto para nós que somos novos nesse ramo do fast food”, declara.
Clientes de olhos nos descontos
A dona de casa Adriana Moreira é uma das muitas praienses que estão de olho nos descontos do dia 26. Conforme revela a esta reportagem, há um ano que vem preparando o bolso para esta data, pela primeira vez.
“Durante este ano joguei totocaixa e pedi propositalmente para receber em Novembro para assim poder fazer compras no Black Friday. Quero comprar um Smart TV, uma mesa para a minha sala, tapete, cortinas e acessórios de decoração”, explica.
Nesse sentido, Adriana Moreira espera promoções de pelo menos 20 ou 30% e assim poder realizar todas as compras.
Aliás, sublinha que vai sair do trabalho mais cedo para não perder a oportunidade de “comprar tudo mais barato”. No total, indica, pretende gastar até 100 mil escudos nesse dia.
Por seu turno, Jaqueline Lima pretende comprar um novo smartphone e um guarda-roupa.
“Deixei para comprar no Black Friday porque é a época do ano em que as lojas dão muitas promoções, logo, sai em conta esperar até agora do que comprar em outras épocas do ano”, acredita.
A jovem espera por grandes descontos. Caso contrário, admite comprar apenas o guarda-roupa por considerar ser o mais urgente. Perante tal cenário, vai comprar o smartphone fora do país, “onde custa muito menos”.
“Não me preparei especificamente para esta data. Tinha um dinheiro guardado para o caso de acontecer alguma urgência e presentear a minha pessoa pelo Natal, porque mereço”, graceja.
Jaqueline Lima pretende gastar, no máximo, 50 mil escudos. Para conseguir o que quer sem enfrentar a fila de pessoas, conta, vai levantar-se de madrugada caso seja necessário.
Esta entrevistada tenciona pedir dispensa do trabalho e compensar num outro dia, ou no mesmo dia, através do teletrabalho.
Quem também pretende fazer compras no Black Friday é Sofia Tavares, embora não tenha feito economias para tal.
“Há dois anos que faço compras no Black Friday e como estou a precisar, penso comprar um guarda-roupa e um colchão novo”, revela.
Sofia ainda não sabe quanto pretende gastar. Tudo vai depender da percentagem dos descontos, que espera ser de pelo menos 20%.
Esta entrevistada diz que vai pedir licença do trabalho para poder fazer as compras, entretanto, caso não seja possível, vai pedir para sair mais cedo para assim poder aproveitar as promoções.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1043 de 24 de Novembro de 2021.