Em declarações à Inforpress para fazer o balanço do funcionamento da organização em 2021 e perspectivar 2022, Jacinto Santos disse que a Citi-Habitat tinha projectos no pacote 2020/2021 e que o mais importante foi o da Ajuda Humanitária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que abarcou mais de 270 famílias, através da reabilitação de casas de pessoas que foram afectadas pela tempestade de 2020, alimentação, construção de várias casas de banho e microcrédito.
“Do ponto de vista financeiro, foi um ano muito difícil, porque a ONG em Cabo Verde, na generalidade, vive da capacitação de recurso de pequenos projectos que não dá a sustentabilidade económica e financeira e de manter um staff mínimo, competente e operacional, pagar despesas de comunicação e deslocação ao terreno”, indicou.
Segundo o presidente da Citi-Habitat, por ter sido um “momento muito crítico”, a organização “não deu um passo em frente”, à semelhança da maioria das organizações, no sentido de criar fontes complementares de geração de receitas para financiar a sua missão, como manter o funcionamento, contactar instituições, fazer formações, assistência no terreno, entre outras acções.
Para 2022, Jacinto Santos frisou que ainda “a perspectiva é muito sombria”, porque trabalham na capacitação de oportunidades que existem a nível da implementação de programas públicos, sendo que a nível internacional, desde que Cabo Verde foi graduado a País de Rendimento Médio as organizações não governamentais europeias desviaram para os países onde consideram que têm mais problemas, embora o nível de pobreza e dificuldade em Cabo Verde seja ainda “elevado”.
“Estamos com grande esperança na participação em alguns programas públicos (…), por exemplo, no Programa “MAIS” [Mobilização pela Aceleração da Inclusão Social] que o Governo lançou recentemente para a erradicação da pobreza extrema, onde temos [a Citi-Habitat] a valência e a experiência muito grande, por isso, queremos ser protagonista e participante”, afirmou.
O presidente da Citi-Habitat mostrou “grande esperança” em poder participar na implementação do “importante” programa do Governo de reabilitação de casas degradadas, sobretudo na Praia, em que o Executivo prevê reabilitar mais de 500 habitações.
Apesar de ainda não conhecer a modalidade de execução dos projectos, a Citi-Habitat, segundo aquele responsável, quer já posicionar-se com projectos de intervenção concretos, lembrando que a organização tem capacidade de, no mínimo, reabilitar 50 casas por ano no município da Praia, que vai ter prioridade.
“Continuaremos a trabalhar, temos a nossa carteira de projectos, com expectativa grande na retoma da actividade económica, sobretudo no sector turístico, com mais recursos dentro do Fundo do Turismo e Fundo do Ambiente que financiam também projectos neste sentido”, referiu, apontando como exemplo o projecto para a Área Protegida em Pico de Antónia, que abarca um conjunto de comunidades.
Jacinto Santos está consciente de que “não é possível ter um grupo grande de profissionais numa organização que não tem receitas próprias”, o que significa que, em 2022, o recrutamento na Citi-Habitat tem que ser afecto aos projectos para reforçar equipa, sublinhando que esta pandemia veio ensinar que “é preciso mudar a maneira de operar”.