​Pedro Pires prevê classificação de escritos de Cabral um ano antes do centenário

PorExpresso das Ilhas, Lusa,19 fev 2022 12:58

O presidente da Fundação Amílcar Cabral prevê a classificação dos escritos do seu patrono à memória da UNESCO um ano antes da celebração do centenário do nascimento, pedindo “bastante atenção” dos Governos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

“Se a candidatura é apresentada este ano, em 2023 certamente haverá a decisão. É uma peça da celebração do centenário”, disse Pedro Pires, em entrevista à agência Lusa, a propósito de dois projectos que a fundação tem em carteira, a começar pela candidatura dos escritos do líder histórico da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde ao programa “Memória do Mundo” da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), cuja entrega deverá acontecer ainda este ano.

E caso assim aconteça, o antigo Presidente da República de Cabo Verde está convicto de que haverá uma decisão em 2023, numa espécie de “cereja no topo do bolo” para o centenário do nascimento de Cabral, que será em 12 de Setembro de 2024.

O presidente da fundação disse que estes dois projectos não são apenas da Fundação Amílcar Cabral (FAC), pelo que pediu “bastante atenção” por parte dos Governos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

“Não faz sentido que os outros se interessem mais por Amílcar Cabral do que nós. Estamos diante de um desafio: que é se nós vamos deixar sermos ultrapassados pelos outros, pelos investigadores americanos, sul-africanos, quenianos, europeus, portugueses e outros. E nós não damos a devida atenção a isso”, afirmou Pedro Pires, para quem a “divisa” dos dois países é “valorizar” Cabral.

“Assim como dizemos, vamos valorizar a nossa história. Mas vamos valorizar o nosso povo”, prosseguiu, indicando que a FAC elaborou a candidatura, em cooperação com o Governo de Cabo Verde.

Entretanto, disse que o trabalho da fundação vai para além da candidatura dos escritos de Cabral à memória da UNESCO, estando já a pensar fazer do centenário do nascimento do seu patrono uma “grande celebração” com impacto cultural, histórico em todo o país, mas também em África ou nos Estados Unidos da América.

“Devemos ver isso como uma grande celebração mundial, porque é uma forma de nos valorizarmos. Valorizando Amílcar Cabral estamos a valorizar a nós mesmos”, defendeu Pedro Pires, referindo que a fundação está a “pensar grande” a esse respeito.

Até agora, que já foram realizadas várias actividades, entre elas a produção de uma revista e de um simpósio internacional, tendo também realizado visitas a algumas câmaras municipais, com previsão de ir a todos os municípios, com um objectivo muito claro.

“A nossa ideia é tirar isso dos gabinetes, sair de gabinete governamental ou presidencial e ir falar com as pessoas, com os municípios, que por sua vez farão a repercussão disso”, sustentou o ex-Presidente, reforçando a necessidade de cooperação com o Estado e com o Governo de Cabo Verde.

“A nossa ideia é isso. Que o Estado tenha uma intervenção, que não seja um assunto exclusivo da Fundação Amílcar Cabral, que é uma entidade privada, que tem feito muito, com enormes dificuldades e limitações, mas tem funcionado, tem impulsionado”, referiu.

Entretanto, disse que a fundação precisa de mais apoios para poder continuar com essas actividades, especialmente públicos.

É neste sentido que Pedro Pires avançou que vai pedir uma audiência com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, para apresentar o que a fundação está a preparar para a celebração do centenário do seu patrono.

“Eu entendo que celebrar Amílcar Cabral, de certa medida, contribui para a projecção do nosso país. Basta ter em conta como é que as coisas têm sido processadas, Cabo Verde, o seu Governo, o seu Presidente, do meu ponto de vista, teria muito a ganhar com isso”, terminou.

A inscrição dos escritos de Amílcar Cabral no programa "Memória do Mundo", da UNESCO, é um dos desafios da FAC, que considera que mais do que um desejo, é uma "necessidade histórica".

O programa foi estabelecido em 1992 com o objectivo de contribuir para a preservação do património documental mundial.

A Fundação, que tem como missão a preservação da obra e memória do seu patrono, criou em 2015 o espaço museológico Sala-Museu Amílcar Cabral, onde pretende dar a conhecer às gerações mais novas e aos turistas que visitam a cidade da Praia a história da luta de libertação liderada por Cabral.

A celebração do centenário do nascimento terá o seu ponto alto em 12 de Setembro de 2024, dia em que se fosse vivo Amílcar Cabral completaria 100 anos.

Fundador do então Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que em Cabo Verde deu lugar ao Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), e líder dos movimentos independentistas nos dois países, Cabral foi assassinado em 20 de Janeiro de 1973, em Conacri.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,19 fev 2022 12:58

Editado porFretson Rocha  em  19 fev 2022 17:35

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