“Os 14 anos não foram perdidos”, afirmou aos jornalistas o ministro das Relações Exteriores angolano, Téte António, após a realização da reunião da VIII Comissão Mista Cabo Verde – Angola, ontem, na Praia.
“Estes 14 anos não significam que não tenha acontecido nada (…). A nossa relação é tal que nem sentimos isto. Mas pensamos que é preciso estruturar, justamente, a nossa acção”, defendeu o ministro, em declarações conjuntas com o homólogo cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares.
A reunião foi presidida pelos chefes da diplomacia dos dois países, e antecede a visita de Estado a Cabo Verde do Presidente da República de Angola, João Lourenço, de 13 a 16 de Março.
O ministro angolano recordou que os dois países têm “mais de uma dezena de acordos assinados”, mas que “muitas vezes” a sua implementação é o “calcanhar de Aquiles”, sendo necessária, por isso, uma avaliação, colocando o “foco” na cooperação bilateral, através de uma “diplomacia económica pragmática” e uma relação “que traga ações concretas”, conforme decisão de ambos os governos.
“Penso que, a julgar pelos resultados que nós teremos no fim da visita do Chefe de Estado, Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço (…), diz tudo quanto à concretização desse espírito”, sublinhou Téte António.
“Relativamente à nossa cooperação bilateral, nós pensamos que depois de 14 anos sem comissão mista, hoje fizemos uma certa viragem. Viragem no sentido de nós estruturarmos melhor a nossa relação bilateral no que diz respeito à cooperação económica. Isto é, além dos domínios que nós já tínhamos identificado anteriormente, mas também exploramos novos, que possam adaptar-se às exigências atuais”, afirmou ainda.
O governante angolano insistiu que os dois países assinaram “muitos acordos, no entusiasmo da boa relação”, mas que é preciso fazer uma reavaliação: “E implementamos aqueles acordos em que temos, cada um de nós, uma vantagem comparativa que possa trazer resultados concretos”.
De acordo com a informação prestada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, os dois governos assinam na segunda-feira, entre outros acordos, e na presença do Presidente da República de Angola, João Lourenço, e do primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, de promoção e protecção recíproca de investimentos.
“É muito importante porque vamos criar condições para que esta cooperação se torne efectiva, os nossos empresários possam efectivamente trocar experiências, a tal cooperação Sul-Sul”, disse Rui Figueiredo Soares, confirmando a vontade de “tornar efetcivos” os restantes acordos e assim os “tornar palpáveis”.
O Presidente angolano, João Lourenço, inicia hoje (13) uma visita de Estado de quatro dias a Cabo Verde, durante a qual vão ser assinados vários acordos de cooperação para “elevar as relações” entre os dois países.
A Presidência cabo-verdiana anunciou em comunicado que a visita de 13 a 16 de Março de João Lourenço a Cabo Verde ocorre em retribuição à que José Maria Neves efectuou a Angola, em Janeiro, naquela que foi a sua primeira visita de Estado ao estrangeiro, dois meses após tomar posse.
Durante a sua estada na capital do país, o chefe de Estado angolano vai manter um encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, vai fazer uma intervenção numa sessão especial na Assembleia Nacional e terá um encontro com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, com quem vai assinar vários acordos de cooperação.
Ainda na Praia, João Lourenço vai receber as chaves da cidade, das mãos do autarca Francisco Carvalho, deporá uma coroa de flores no memorial Amílcar Cabral e realiza uma visita à Fundação Amílcar Cabral.
Depois da Praia, o Presidente angolano vai viajar para Mindelo, onde vai visitar pontos de interesse económico, como a empresa de conservação de pescado Frescomar e a Estação de Produção de Água dessalinizada, e vai também receber as chaves da cidade.
A visita de João Lourenço a Cabo Verde, prosseguiu a Presidência cabo-verdiana, vem contribuir para a consolidação das relações de amizade e cooperação entre os dois países.
“E conferir ao relacionamento bilateral uma dimensão consentânea à longa história comum, à intensa sintonia cultural e ao excelente entendimento político que sempre vigorou entre Angola e Cabo Verde”, lê-se na nota.
Angola exerce neste momento a presidência rotativa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), sucedendo precisamente a Cabo Verde.