Praienses reclamam do aumento do lixo nas ruas

PorSheilla Ribeiro,4 set 2022 8:33

A percepção que muitos moradores da capital do país têm tido é que houve um aumento do lixo nas ruas, a partir de descartes irregulares e aparente falta de recolha. O problema é percebido principalmente nos bairros periféricos onde também há uma maior concentração de pessoas. Segundo a Câmara Municipal da Praia (CMP), há avarias que estão a afectar os camiões da frota de recolha e, por isso, está a acelerar o processo de limpeza urbana através do reforço de meios humanos e materiais como viaturas e máquinas escavadoras.

A operadora de televendas, Thelma Carvalho, moradora de Ponta d’ Água, sempre viveu na Praia e acha que, actualmente, há mais lixo nas ruas do que antes. “Praia nunca foi uma cidade limpa, mas os amontoados de lixo que vemos espalhados hoje, há muitos anos que não se via. Nos arredores da minha casa, por exemplo, o contentor já nem aparece no meio à montanha de lixo que ali se encontra”, descreve.

Thelma Carvalho admite que por não poder guardar o lixo em casa, assim como os outros moradores do bairro, descarta o lixo em meio ao amontoado. “Evito ao máximo deixar o lixo de qualquer maneira ao pé do contentor. Coloco sempre por cima dos que ali estão e nunca num lugar qualquer”, diz.

“Peço à CMP que tome medidas urgentes e mais assertivas, que tenha mais respeito pelos praienses. Que arranje condições para dar conta do lixo. Se calhar, a melhor solução seria a recolha porta-a-porta. Só assim para evitar o acúmulo do lixo. Se pelo menos, a cada três dias, se fazer a recolha do lixo não teremos a situação que temos”, sugere.

A assistente pedagógica Cláudia Ferreira, que vive em São Pedro, cidade da Praia há três anos, diz temer pela sua saúde e a dos seus familiares devido ao contentor ao pé da sua casa. “Contentores cheios e montanhas de lixos no chão, este é o cenário. Já nem sequer posso sentar-me na rua ou deixar a porta de casa aberta devido às moscas e ao cheiro desagradável”, narra.

Sem querer deitar o lixo no chão, Cláudia Ferreira mantém no quintal um barril velho onde guarda os sacos de lixo para depois os descartar quando os contentores forem esvaziados. “Temo pela nossa saúde e penso que a melhor solução para esta situação seria fazerem a recolha todos os dias e assim evitar esse acumular de lixo”, acredita.

Já o empresário Gilmar Gomes, morador de Vila Victória, acredita que o acúmulo do lixo tem a ver com o “retrocesso” quanto à gestão do lixo. “Os contentores estão cheios porque retrocedemos no tempo. Há estudos, planos urbanísticos que mostram que a recolha é a melhor alternativa. Agora, a falta de equipamentos torna tudo mais complicado para a capital do país”, considera.

Para este praiense, a melhor solução para a capital é haver uma agenda e pontos fixos de recolha e a retirada dos contentores nos arredores das habitações.

“Hoje há tecnologias que permitem ter uma Praia limpa. Por outro lado, esse acúmulo de lixo é uma questão cultural. Há pessoas que ainda não têm a consciência de não deitar o lixo no chão. Mesmo estando um contentor cheio. Sem falar nos resíduos sólidos, os escombras e lixos tecnológicos. A CMP tem de ter mão dura com aqueles que persistem em deitar o lixo fora dos contentores”, afirma.

Acumular do lixo tem a ver com “falta de meios”

Ao Expresso das Ilhas, o presidente da Associação dos Trabalhadores de Saneamento da CMP, Carlos Ribeiro, informa que neste momento o acúmulo do lixo tem a ver com a “falta de meios”.

“Alguns dos meios que dispomos estão estragados. Tanto a direcção quanto os trabalhadores têm feito algum esforço. No início era muito mais complicado porque tínhamos de alugar os meios e neste momento, a situação vem, paulatinamente, a normalizar-se”, assegura.

Carlos Ribeiro salienta que não há falta de mão de obra e garante que há boa vontade tanto dos trabalhadores como da direcção e que estão à espera de serem entregues as viaturas de recolha, já reparadas.

“Sabemos que a acumulação do lixo vem desde há algum tempo, mas isso pode estar relacionado com a mudança do horário da recolha. Temos feito a recolha mais à noite. Num universo de 6 ou 7 camiões, estamos a trabalhar com apenas um em toda a Praia, onde há produção de mais de 25 toneladas de lixo, por dia”, realça.

O que diz a CMP?

O Expresso das Ilhas tentou uma declaração da CMP, mas sem sucesso. Entretanto, numa nota publicada no passado dia 26 no Facebook, a edilidade afirmou que está a desenvolver esforços para manter limpo os contentores e arredores de despejo do lixo, tendo em conta que há avarias que estão a afectar os camiões da frota de recolha.

“Face a esta situação, a CMP decidiu acelerar o processo de limpeza urbana através do reforço de meios humanos e materiais como viaturas e máquinas escavadoras. Perante o aumento de produção de lixo verificado nesta altura do ano, a autarquia está a desenvolver esforços para repor a normalidade e irá manter as medidas compensatórias de recolha para responder ao aumento de produção do lixo que ocorre nestes períodos de maior actividade humana e de maior consumo, o que acaba por reflectir também no aumento da produção de lixo”, informou a CMP na sua página do Facebook. 

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1083 de 31 de Agosto de 2022.

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Autoria:Sheilla Ribeiro,4 set 2022 8:33

Editado pormaria Fortes  em  24 mai 2023 23:28

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