Esta ideia foi partilhada à Inforpress por Bernardino Gonçalves, um dos membros desta rede que junta mais de 40 associações e colectivos na Cidade da Praia, tendo como principal objectivo a construção colaborativa de uma agenda comum voltada para a emancipação.
Para este responsável, a Praia enfrenta um “grande problema” que tem a ver com a liberdade das pessoas, ajuntando que quem não pode circular livremente está sendo “castigado” no seu direito fundamental que é a liberdade.
“Porquê que tomamos a independência, porquê nos tornamos democráticos se não somos livres, não somos hoje livres na Praia porque não podemos circular”, sublinhou.
Sobre o policiamento nas ruas para manter a segurança como tem apelado os praienses, Bernardino Gonçalves afirmou que esta é quase uma medida reactiva, defendendo a necessidade de medidas preventivas para os bairros da Praia.
“O policiamento é quase uma medida reactiva. Os bairros têm potenciais, podem de facto, resolver muitos problemas. Apostando na potencialidade contribuiremos de forma mais eficaz para devolver à Praia a segurança que merecemos”, sugeriu.
Para Bernardino Gonçalves, a ideia de colocar os policiais atrás de pessoas nos bairros contribui também para “estigmatizar” os bairros, ou seja, argumentou, é uma resposta para satisfazer as pessoas no momento, daí defender que é preciso pensar num processo mais complexo, e não entrar pela madrugada nos bairros e apreender armas e deter pessoas.
“Operação sim, é preciso, mas operação tem que ser feita por todos tendo em conta o clima de impunidade em Cabo Verde”, disse, acrescentando que as operações muitas vezes são mais para dar visibilidade, mas que é preciso operação especial de prevenção nos bairros, que é mais eficaz, para que os meninos não se sentem mal.
Porque, conforme este membro da Rede das Associações Comunitárias da Praia, em Cabo Verde ainda não se compreendeu bem o que é a insegurança e a criminalidade na cidade.
Neste sentido, Bernardino Gonçalves considerou que as acções têm sido reactivas, mas a seu ver, é preciso resolver causas, anotando que muitas vezes tem faltado coragem dos políticos e, “quando é assim é o povo quem sofre”.
A rede, assegurou, tem feito o seu trabalho preventivo, em que as associações comunitárias têm apostado no acolhimento de crianças para não ficarem expostas à violência, ou seja, um trabalho de prevenção e voltado para médio e longo prazos.
“A Rede tem trabalhado igualmente na consciencialização das comunidades para os seus deveres de cuidarem bem dos filhos, de educá-los e até de denunciar acções que não estão bem, e assim podermos ter o clima de paz”, reforçou.
Entretanto, Bernardino Gonçalves anotou que nem sempre se consegue trabalhar a longo prazo porque os recursos são limitados, pelo que aproveitou para apelar as autoridades centrais e locais no sentido de trabalharem juntos, com efectividade nas acções e não apenas em reacção para poderem entender os problemas e poderem resolvê-los.