Em conferência de imprensa proferida ao início da tarde, em conjunto com o Serviço Nacional da Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB), Bruno Faria, geofísico do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), afirmou que os dois eventos sísmicos sobrepostos foram registados no oceano, a 10km de profundidade. A actividade sísmica foi detectada no mesmo local onde, em 2005, foi descoberto um campo eruptivo.
“Confirma-se que desde 2010 é o sismo de maior magnitude registado em Cabo Verde. Isso significa que há mais energia que foi acumulando ao longo do tempo que se liberou”, explica.
“É muito provável que este evento esteja relacionado com um processo vulcânico. Não há perigo para nenhuma população de Cabo Verde, inclusive de Santo Antão. Em São Vicente, as pessoas terão sentido provavelmente primeiro as coisas a mexerem-se e depois terão sentido uma explosão. Isto indica que foram dois sismos um atrás do outro. O segundo foi de maior magnitude”, explica.
Questionado sobre o facto de o mesmo abalo ter sido sentido na cidade da Praia, o especialista diz que é algo normal, tendo em conta a intensidade.
Bruno Faria lembra que no dia 8 de Janeiro de 2015 foi registado, na mesma zona, um sismo de 4.5 na escala de Richter. Em 2012, no mesmo sítio, ocorreu outro abalo, este de magnitude 4.1.
“Portanto, posso dizer que nesta zona estes sismos são de alguma frequência. Estamos a falar de oito anos de intervalo e podemos considerar que é frequente. Os dois sismos de hoje foram isolados e depois não houve mais nada. As coisas estão bastante calmas. Quanto à monitorização, é uma prioridade aumentar a capacidade que temos em Santo Antão em termos de rede sísmica”, defende.
O técnico afirma que o equipamento instalado na ilha das montanhas está a funcionar há 13 anos, pelo que a remodelação profunda da rede deve ser feita em breve. De acordo com o geofísico, as intervenções devem passar pela instalação de mais quatro estações sísmicas e renovação das outras quatro já existentes, para além da adopção de outras técnicas de monitorização.
O presidente da Proteção Civil, Domingos Tavares, garante que não houve nenhum pedido de socorro nem foram relatados danos consideráveis.
“Estamos em sintonia com os serviços municipais da Protecção Civil e pelos dados que temos até agora não há nenhum registo de pedido de socorro ou apoio. Algumas pessoas nos relataram que sentiram o tremor, pequenos bibelôs nas vitrines caíram, mas não houve nenhum dano de grande envergadura. Este sismo não causa nenhum perigo, por agora, para as populações de São Vicente e de Santo antão”, garante.
Quanto ao Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) que disse que o sismo detectado foi de magnitude 5.3 na escala de Richter, o INMG explica que em causa estão registos feitos a longa distância.