Sob o lema “Resgatar o primeiro de Maio” os activistas, liderados pelo Sindicato da Indústria, Serviço, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP), pretendiam protestar contra a actual situação laboral em Cabo Verde, nomeadamente, lutar para um salário digno, para IVA zero nos bens de primeira necessidade, maior e melhor comparticipação do INPS nas consultas e nos examos e aumento salarial.
Entretanto, ao se aproximarem da rotunda do acesso ao Palácio do Governo, partindo do centro social 1º de Maio da Fazenda, foram impedidos pelos agentes da Polícia Nacional (PN) que impediram a marcha neste sentido, pelo que estes, apesar de demonstrarem alguma revolta, e após o entendimento de que a manifestação era pacífica, resolveram contornar a rotunda na tentativa de poderem aceder ao local fazendo o sentido contrário.
Prosseguindo pela via da praia da Gamboa e quase chegando ao local foram mais uma vez impedidos de se aproximarem do Palácio do Governo.
Com esta desilusão os manifestantes obedecem ao presidente do SISCAP, Eliseu Tavares, que apelava à compreensão e que ninguém manifestasse contra os policiais, entendendo que estes, apesar de também serem trabalhadores, estavam a cumprir com o que lhes foi indicado.
“Viva a liberdade, viva a democracia, viva a luta”, proclamava o sindicalista que lamentou terem de terminar o percurso antes de chegarem ao local desejado, ou seja, o Palácio do Governo, local que diz entender ser de todos, até porque, lembrou, foi o povo que elegeu os governantes ali representados.
“A nossa manifestação é pacífica, é ordeira e respeitamos, ao contrário dos governantes que não respeitam o direito dos povos”, sustentou, proclamando mais uma vez, um “viva à liberdade, viva o 1º de Maio”.
Agradeceu a todos quantos envolveram nesta luta, em Santo Antão, São Vicente, Sal e aqui na Praia, salientando a participação dos sindicatos, organizações da sociedade civil, como o Observatório da Cidadania Activa, Ajoc e os jornalistas que tem “dado vez e voz” a todos os activistas.
Aos trabalhadores cabo-verdianos lembrou que o 1º de Maio não é apenas um dia de festa, mas que é também um dia de luta, de reflexão e um dia de honrar aqueles que deram sangue, deram vida, para que hoje tivessem um ambiente laboral “menos desagradável”.
Sobre a adesão disse que gostariam de contar com mais pessoas reconhecendo que ainda não acordaram, daí ressaltar que é preciso que o povo acorde para a luta, tendo em conta que as “famílias estão a sofrer”.
“Aqui não há partido, aqui são trabalhadores e respectivas famílias que estão a sofrer. O 1º de Maio não é só festa, é festa sim, mas depois de cumprir o direito cívico, o direito a manifestar, o direito a pedir mais e melhor trabalho, mais e melhores condições de vida para nós todos”, declarou.
Assim, aproveitou para pedir aos cabo-verdianos para sairem à rua, mesmo num Estado onde “não podem livremente exercitar o seu direito”, e para, no próximo dia 5 de Julho, Dia da Independência Nacional, para continuarem nesta luta que “abrange a todos”.