Globalmente, segundo dados compilados hoje pela Lusa a partir do relatório e contas de 2022 da Electra, grupo responsável pela produção e distribuição de eletricidade em Cabo Verde através de 14 centrais térmicas, dois parques solares e um parque eólico, registaram-se no ano passado um total de 104 interrupções nesse fornecimento, que se prolongaram por 3.071 minutos (51,2 horas).
Em 2021, a Electra identificou 158 interrupções no fornecimento de eletricidade em todo o país, que se prolongaram por 6.592 minutos (praticamente 110 horas).
Contudo, a situação, tal como no ano anterior, afetou em 2022 sobretudo a ilha da Brava, com cerca de 5.000 habitantes, apesar da diminuição de 58 para 29 interrupções, que se prolongaram por 4.197 minutos (70 horas) e baixaram este ano para 1.611 (26,85 horas).
"No entanto houve grandes melhorias no centro de produção da Brava quando comparamos 2022 em relação a 2021", lê-se no relatório da Electra.
Já a capital cabo-verdiana, a cidade da Praia, totalizou 12 interrupções, mais do que o ano anterior, num total de 339 minutos (5,65 horas), mais de metade do tempo de ‘blackout’ verificado em 2021, que foi, em sete cortes, de 145 minutos (2,42 horas).
"As interrupções no fornecimento de eletricidade diminuíram em quase todos os sistemas elétricos, com exceção das ilhas de São Vicente, Sal e Santiago, tendo sido registados [nestas três] progressos na garantia de continuidade do serviço, com redução substancial do número de 'blackouts'", acrescenta o documento da elétrica nacional.
Destaca ainda a ilha de Santo Antão, onde se registou o menor número de 'blackouts', num total de três em todo o ano.
De acordo com dados operacionais da Electra do mês de abril, de janeiro a dezembro de 2022 as perdas totais de eletricidade atingiram os 114,5 GigaWatts-hora (gWh), equivalente a “24,4% da produção nacional”. As perdas de eletricidade globais, técnicas e não técnicas - sobretudo furto -, em todo o país, atingiram em 2021 os 112,432 gWh, representando então 25,5% da produção, ainda assim uma descida face aos 26,1% dados como perdidos em 2020.
O presidente do conselho de administração da Electra, Luís Teixeira, já tinha admitido no início deste ano que o furto e fraude de energia estão a pôr em causa a sustentabilidade do setor, lamentando o atraso da Justiça: “As perdas elétricas, sobretudo as perdas que têm a ver com o furto e fraude de energia, a questão da eficiência energética, são dos principais desafios que hoje o setor elétrico enfrenta. Estamos a falar de um problema que está a pôr em causa toda a sustentabilidade do setor, mas diria mais: do país”.
A empresa terminou o ano de 2022 com 165.240 clientes ativos de eletricidade e 33.087 clientes ativos de água. Contudo, do total dos clientes da Electra, 16.927 são beneficiários da tarifa social de eletricidade e 1.028 beneficiários da tarifa social de água.
Do total dos clientes ativos de eletricidade, a empresa refere que 6.790 já têm contadores pré-pagos.