A estudante de Santa Catarina, interior da ilha de Santiago, que chegou a Portugal em 2020, sem bolsa e em plena pandemia, disse em declarações à Inforpress que antes de viajarem, os estudantes deviam pesquisar e perguntar para poderem saber qual a realidade do país para onde vêm, já que para ela foi um “choque”.
“Os estudantes não devem ficar na sua zona de conforto e pedirem ajuda a quem sabe e aos colegas, porque vai acabar por levar à desistência dos estudos por causa dos obstáculos (…). Mas também acredito que os estudantes que chegam deviam ter mais suporte, sobretudo porque chegam muitas vezes no final do primeiro semestre ou início do segundo semestre”, considerou.
Segundo a jovem de 21 anos, que também chegou atrasada por causa do processo de obtenção de visto que é “muito demorado”, mas por ter tido o suporte de familiares, sobretudo com habitação, não teve preocupação neste sentido, o que acabou por proporcionar tempo para dedicar-se aos estudos e recuperar o tempo perdido, mas sabe que “nem todos têm a mesma sorte que ela”.
Tendo conseguido uma bolsa da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES) no segundo ano do curso, Telma Oliveira disse que quando fala de suporte, refere-se à preparação desde Cabo Verde, em que devia haver sessões de esclarecimentos, até quando chegam em Portugal, por exemplo, através do departamento de estudantes da Embaixada de Cabo Verde.
Uma das vencedoras da primeira edição dos Prémios UECL Valorizar o Mérito, criados pela União dos Estudantes Cabo-verdianos em Lisboa, a santa-catarinense que estuda na Faculdade de Medicina de Universidade de Lisboa, lembrou que teve “muito apoio” dos outros alunos cabo-verdianos que já se encontravam na capital portuguesa.
“O prémio recebido significa muito para mim, já que ser reconhecida foi uma sensação muito boa, porque em todo o percurso que tive com muitas dificuldades, pensamos que não somos bons suficientes e até chegamos a duvidar de nós mesmos. No meio de tudo isso, receber um prémio a dizer que o meu percurso é um exemplo, é muito bom”, referiu.
Os Prémios UECL distinguiram o mérito, potencial e percurso académico dos alunos cabo-verdianos que frequentam o ensino superior, em Lisboa, tendo a cerimónia de atribuição dos galardões acontecido, em Maio, e para além de Telma Oliveira, mais três estudantes foram premiados, Rickson Neves (licenciatura), Deise Jesus (mestrado integrado) e Mónica Lopes (mestrado).
Telma Oliveira que garantiu que sempre quis ser médica, quer continuar a estudar, dando o seu máximo para ser uma “excelente médica” e, no final, analisar onde há melhores oportunidades para fazer uma carreira, sendo certo que o seu “sonho” é ir trabalhar em Cabo Verde, que foi onde desenvolveu o gosto pela medicina.