“É impossível acontecer. É de loucos”, é desta forma que João Santos, administrador da SOCIAVE, comenta o alerta lançado esta segunda-feira pela Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) sobre a possibilidade de existirem ovos de borracha a circular no mercado nacional.
O empresário, em declarações ao Expresso das Ilhas, diz mesmo que se a Associação de Avicultores “estivesse a funcionar a IGAE teria de arcar com as consequências” de ter lançado este alerta.
Sobre a possibilidade de existirem ovos de borracha no mercado João Santos ironiza: “É só perguntar a uma criança de 7 anos quanto custa produzir um ovo natural e um ovo de borracha para ver qual é que custaria mais”.
João Santos defende que “uma notícia dessas, vinda de uma instituição como a IGAE abala sempre a confiança do consumidor. Esse é o único perigo que eu vejo, o resto são histórias em que nem crianças podem acreditar”.
João Santos diz que não viu os ovos alegadamente feitos de borracha e que, por isso, não pode dar uma opinião, mas ressalva que “estamos a falar de alimentação que é sempre um tema sensível”.
Perigo na segunda, sem perigo na terça
O alerta surgiu esta segunda-feira, 04, na página oficial da IGAE no Facebook.
Um curto texto alertava: “ALERTA. A IGAE alerta a todos os consumidores e a população em geral para estarem atentos quando forem adquirir ovos nas lojas. Temos recebido denúncias de ovos de borracha, misturados com ovos comestíveis. A IGAE tudo fará para pôr cobro a esta situação grave para a saúde publica”.
No mesmo dia o Inspector Geral da IGAE, Paulo Monteiro, em declarações à Inforpress, explicava que a instituição vinha a receber denúncias de vendas de ovos de borracha misturados com ovos comestíveis nos mini-mercados da capital apelando aos consumidores para “verificarem e ficarem atentos” a todos os detalhes destes ovos antes de os levar para casa, considerando que estes podem trazer “danos para saúde” das pessoas.
Nesta questão, o inspector-geral da IGAE disse que o alerta não era destinado apenas aos praienses, mas a toda a população, a nível nacional.
No entanto, na terça-feira, Paulo Monteiro declarava, em entrevista à RCV, que afinal não havia perigo.
“Foram várias denúncias sobre este tipo de ovo, nós lançamos um alerta na nossa página e logo em seguida fomos à busca dessas amostras para confirmar se, de facto, esses ovos eram de borracha e se são comestíveis e chegamos à conclusão de que não corresponde às denúncias. Já temos os ovos connosco, com a análise feita”, declarou.
À Inforpress diria ainda que após primeira análise «é um ovo comestível».
Farinhas de crescimento ou talvez não
Verifica-se que a alteração está na textura do ovo, que poderá estar ligado a algum tipo de ração que os criadores estão a alimentar as suas crias, pois é o que constatamos juntamente com especialistas”, explicou.
João Santos rejeita igualmente esta possibilidade.
“Não faz nenhum sentido. Eu sou veterinário e tenho muitos anos de experiência nestas lides e isso não faz sentido”, garante João Santos.
Segundo este empresário “nem sequer se trata da ração. O plano de luminosidade pode acelerar a postura, mas isso dá cabo imediatamente das frangas. Aqui não tem nada a ver com a qualidade do ovo em si”.
O empresário defende igualmente que a IGAE “devia tentar saber melhor de onde veio esta história antes de lançar o pânico, porque acaba por abalar a confiança do consumidor. Uma instituição como a IGAE não deve andar a publicar ‘diz que diz’ na sua página oficial. Deve averiguar, fazer testes, consultar as pessoas que sabem e que conhecem, porque esta é uma matéria muito específica, e só depois devia opinar. É assim que acontece. Não se podem lançar boatos que podem prejudicar o negócio”.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 1136 de 6 de Setembro de 2023.