As declarações do cardiologista do Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, foram feitas na sexta-feira, em entrevista à última edição do Panorama 3.0, da Rádio Morabeza.
“Apesar de termos uma população jovem, temos 33% de pessoas com hipertensão, a diabetes mellitus cada vez mais prevalente e hábitos de vida, alimentares e de exercício pouco saudáveis. Também um sistema de saúde ainda não preparado para essa transição epidemiológica. Um sistema ainda não preparado para lidar com as doenças crónicas não transmissíveis. Repara que nós somos um país que lida e combate muito bem as doenças transmissíveis, mas ainda não demos o clique para enfrentarmos esta epidemia que são as doenças crónicas, para podermos realmente combater o AVC”, diz.
As declarações do cardiologista Fernando Lopes foram feitas a propósito do Dia Mundial de luta contra os perigos do Acidente Vascular Cerebral, assinalado este domingo. O profissional de saúde defende um sistema que aposte na prevenção.
“Falta um sistema que aposte na prevenção. Um sistema que aposte na prevenção é um sistema organizado, que comunica entre si desde a atenção primária, a secundária e a terciária, se for o caso. Mas, infelizmente, para as doenças crónicas não temos um sistema de comunicação entre elas, o que tem levado a que os doentes hipertensos e diabéticos estejam controlados deficitariamente. E quanto têm um AVC ou um enfarte, dependendo do caso, mesmo a comunicação do hospital para os centros de saúde é completamente deficitária”, nota.
Cabo Verde registou, nos últimos dez anos, mais de 3.500 óbitos por Acidente Vascular Cerebral. Os dados foram divulgados na sexta-feira pela directora Nacional da Saúde, Ângela Gomes.