“O ponto de situação é de acalmia significativa da actividade sísmica registada na ilha Brava”, em contraste com a situação verificada a 30 de Outubro, referiu o cientista do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG).
“Logo após o evento de 4,8 [na escala de Richter], houve uma tempestade”, disse, para ilustrar a elevada quantidade de abalos que se sucederam, “de menor magnitude, durante alguns dias”, vários deles sentidos pela população.
“Estamos permanentemente a observar a actividade, reforçámos mesmo o número de horas e dias de observação, mas só por uma questão de precaução: a situação é bastante calma e não há motivo para preocupação maior”, acrescentou.
Bruno Faria reafirmou hoje a profundidade do hipocentro (ponto no subsolo onde se deu a movimentação que provocou o sismo) em linha com os cálculos apresentados há duas semanas, colocando a origem dos abalos entre quatro a cinco quilómetros de profundidade relativamente ao nível médio do mar.
Trata-se de “uma profundidade considerável, que está na base mais profunda da ilha, diria, na raiz da encosta submarina da ilha”, descreveu.
Há mais dados recolhidos durante a crise sísmica, mas ainda aguardam tratamento, disse, dada a quantidade de abalos – a maioria não sentida pela população – e o facto de terem continuado por algum tempo.
“Sabia-se de antemão que uma crise destas haveria de acontecer a qualquer momento”, disse, relembrando que “em Maio já tinha acontecido um sismo de magnitude muito próxima desta”.
Os abalos “fazem parte da história da ilha Brava”, acrescentou, com base nos registos históricos, concluindo que “é corriqueiro este tipo de ocorrência na ilha”.
Ainda assim, Bruno Faria sugere que se acrescentem duas técnicas aos trabalhos no terreno para conhecer melhor o evoluir das transformações geofísicas na ilha mais a sul de Cabo Verde.
Estudos no âmbito da geodesia ajudariam a identificar “as deformações” ocorridas no solo da ilha e uma recolha de dados no âmbito da geoquímica, “sobre a alteração química das nascentes da Brava e emissão de outros gases” iria contribuir para determinar a origem das movimentações no subsolo.
Limitações financeiras e de recursos humanos impedem que tais estudos avancem de imediato, mas “seriam duas técnicas que dariam informações suplementares para tirar melhores conclusões, com menos ambiguidade”, concluiu Bruno Faria.
Os abalos que aconteceram depois de 30 de Outubro provocaram prejuízos em habitações, com queda de telhados e outras estruturas, que provocaram um ferido, além de abertura de fissuras.
A situação levou famílias a optar por dormir na rua na madrugada de 31 de Outubro, mas, durante o dia, o ambiente voltou a ser de normalidade, com o recrudescer dos abalos.
Desta vez "a Brava tremeu mais forte", disse, na altura, António Lopes Marcelino, dirigente da protecção civil municipal na ilha.