Fátima Balbina Lima fez o retrato em entrevista à Inforpress a propósito da comemoração de mais um Dia do Município, assinalado na segunda-feira, 22.
“Nós temos um crescimento desenfreado, com muitas pessoas das outras ilhas a deslocarem-se para São Vicente à procura de melhores condições de sobrevivência ou de habitabilidade (…). Mas, acredito que o desenvolvimento não está a acompanhar o crescimento da ilha”, advogou a responsável, falando da sua experiência no terreno, no qual tem visto “uma camada cada vez mais frágil, mais vulnerável e vivendo em habitações precárias”.
Ademais, continua a mesma fonte, há uma degradação das zonas periféricas, com casas desorganizadas e feitas de forma clandestina, por iniciativa da própria população.
Por isso, acredita Fátima Balbina, que o crescimento está concentrado mais no centro, estando as zonas periféricas com “muito desemprego, falta de habitação ou moradias sobrelotadas e crianças marginalizadas”.
“Sentimos que há necessidade de uma nova viragem para o desenvolvimento acompanhar o crescimento de São Vicente”, exteriorizou, com a ideia de a responsabilidade ser de todos, mas, especialmente, de decisores públicos, como da câmara municipal, que devem envolver os empresários e outras personalidades que “podem ajudar a construir um São Vicente que corresponda aos anseios da sua população”.
Não apenas criticando, mas, apresentando sugestões de solução, Fátima Balbina Lima pediu, por exemplo, que sejam aproveitados os diferentes estudos apresentados em fóruns já realizados.
Neste sentido, apresentou como sendo uma das prioridades trabalhar os planos de urbanização dos bairros criados de forma espontânea e se atribuir lotes de terreno às famílias para se garantir a estabilidade.
Por outro lado, sugeriu, é necessário a aplicação de medidas de incentivo ao desenvolvimento da indústria e do comércio e consequentemente aumento do emprego, tirando proveito da zona industrial.
Isto porque, conforme a mesma fonte, a resolução dos problemas “não está na actual política de criar pequenos empreendedores”.
“São Vicente está mais bonito, no centro vê-se que está mais bonito e criou-se mais infra-estruturas, mas, não passa disso”, reiterou.
Relativamente à questão de crianças excluídas e sem os direitos fundamentais garantidos, Fátima Balbina solicitou a criação de centros de acolhimento para auxiliar nos estudos e centros multi-uso para crianças terem acesso às novas tecnologias, especialmente nas zonas periféricas.
“Sentimos que ainda é preciso muita coisa para o santo São Vicente ficar satisfeito com a sua ilha”, sublinhou, apelando ao desenvolvimento equitativo para o município estar bem para acolher os filhos e visitantes.
O Dia do Município de São Vicente comemora-se na segunda-feira, 22, com actividades como o hastear da bandeira, pelas 08:00, em frente aos Paços do Concelho e sessão solene, à tarde, no Salão Nobre da câmara municipal.
Do programa constou ainda, no sábado, 20, uma conferência promovida pela edilidade, em alusão ao Dia dos Heróis Nacionais, que teve como orador o antigo combatente e dirigente do País, Silvino da Luz. Constava igualmente da agenda uma vertente cultural com um espectáculo de Mirri Lobo, na Praça Dom Luís.